Gangorra deixa bamba denúncia contra os agressores de Moraes
Coisas esquisitas aconteceram no inquérito sobre a agressão sofrida por Aledandre de Moraes e sua família no aeroporto de Roma, em julho do ano passado. Apurava-se a ocorrência de três crimes: lesão corporal contra o filho de Moraes, injúria contra o ministro e até tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito. Há cinco meses, a Polícia Federal colocou o caso no rumo do arquivo.
Concluiu-se que o empresário Roberto Mantovani atingiu o rosto do filho do ministro com o dorso da mão, sem lesão corporal. Sustentou-se que a ausência de áudio nas filmagens recebidas de autoridades italianas impediu que se provasse, de forma "cabal", que a mulher de Matovani, Andréia Munarão, ou o genro do casal, Alex Zanatta, dispararam ofensas contra Moraes. Ficou entendido que houve hostilidade. Mas a PF não encontrou material para indiciar ninguém.
Inconformado, o ministro do Supremo Dias Toffoli exigiu novas investigações. De repente, o delegado do caso, Hiroshi Sakaki, foi substituído pelo chefe dele, Thiago Severo. E a severidade se abateu sobre o inquérito, elevando-o da trilha do arquivo para o ápice de um triplo indiciamento. E os acusados foram denunciados à Suprema Corte pela Procuradoria-Geral da República.
Nos termos da denúncia subscrita pelo procurador-geral Paulo Gonet, o filho de Moraes levou um inequívoco "tapa no rosto, com propósito achincalhador". E o ministro foi caluniado e injuriado com expressões como "fraudador de urnas", "fraudador das eleições" e "bandido que fraudou as eleições". O vídeo que vio de Roma permanece sob sigilo.
Há inquéritos que sobem e inquéritos que descem. No caso da agressão sofrida por Alexandre de Moraes assistiu-se ao sobe e desce no âmbito de um mesmo inquérito. A gangorra deixou bamba a denúncia da Procuradoria-Geral. Embora nenhum dos denunciados disponha de foro privilegiado caberá ao Supremo decidir se envia ou não os encrencados ao banco dos réus.
Opinião
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