Marçal já não nega acusações, apenas vai se adaptando a elas
Às voltas com uma sentença criminal e rodeado de correligionários enganchados no PCC, Pablo Marçal vai ajustando a lábia às circunstâncias. À medida que a indignidade vai sendo exposta, o candidatado esconde a pecha de indigno atrás de uma pose de indignado.
Marçal já afirmou que renunciaria à candidatura se provassem que foi condenado por integrar quadrilha que furtava contas bancárias na internet. Em sabatina na GloboNews, na noite passada, trocou a negação pelo figurino de coitadinho: "Queria ser uma pessoa que nunca foi processada, um menino que nem peida. Infelizmente, fui injustiçado. [...] Foi bobeira mesmo que eu fiz, todo mundo erra."
Marçal disse ter passado "três ou quatro dias" numa cela da Polícia Federal. E cuidou de arrastar o padrinho político de Guilherme Boulos para sua prosa: "A gente tem um presidente que fez a maior quadrilha e vocês tão pegando em coisa que eu peguei R$ 350 para ajudar na minha casa?" Transfomou furto qualificado num álibi do menino que soltava pum, mas ajudava a mãe a encher a geladeira.
O candidato declarou-se "constrangido" com o áudio e o inquérito policial que injetam PCC na biografia dos seus companheiros de PRTB. Alegou que está apenas "usando o partido" para concorrer à prefeitura. "Depois posso sair", declarou, estalando de pureza moral, como uma virgem no bordel.
Está entendido que o cinismo é o mais próximo que Marçal chegará da verdade. Até porque o último Datafolha revelou que o cinismo, quando potencializado pela monetização do algoritmo, rende votos.
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