Voto útil, eis o novo nome do jogo na eleição de São Paulo
Os comitês eleitorais de Guilherme Boulos e de Ricardo Nunes ensaiam uma defesa do voto útil. Trata-se do voto daquele eleitor que vai para qualquer lugar, desde que a esquerda ou a direita vão para o inferno. A estratégia é impulsionada pela posição paradoxal dos candidatos nas pesquisas.
Com um pé no segundo turno, Boulos emerge como esquerdista favorito a perder a prefeitura para o rival conservador que sobreviver ao primeiro round. É surrado por Nunes em todas as sondagens. Empata com Pablo Marçal, segundo a Quaest. Precisa seduzir o quanto antes o eleitorado progressista que, não gostando de Lula e do PT, abriga-se nas candidaturas retardatárias de Tabata Amaral e José Luiz Datena.
Desidratada por Pablo Marçal, a candidatura de Nunes lida com o risco do nocaute prematuro. Mas brilha nos prognósticos de segundo turno como um portento. Ficando em pé, o prefeito pode levar à lona qualquer adversário no round posterior. O padrinho Tarcísio de Freitas expôs o drama quando sinalizou que a direita prestará "grande serviço" à esquerda se apoiar Marçal.
O atropelamento de candidaturas envolve um quê de descortesia democrática. Datena, engolfado pela dinâmica da disputa, rodopia a esmo. Mas Tabata atravessa a fase preliminar da campanha com brilho. Mal comparando, é uma espécie de Simone Tebet de 2024. Com uma diferença.
Em julho de 2022, Tebet anunciou que, se houvesse um segundo turno sem ela, apoiaria o candidato que defendesse a democracia. Beneficiada pela hesitação dos machos, Tabata consolidou-se como principal combatente de Marçal, a versão municipal da assombração antidemocrática. Não parece disposta a anunciar, antes da abertura das urnas do primeiro turno, o seu voto no segundo.
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