Josias de Souza

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Opinião

Sem Biden, Trump pode ter que brigar com o 'sonho americano'

Donald Trump não terá mais um cachorro morto para chutar até a eleição de novembro. Ao jogar a toalha, Joe Biden tirou seu Partido Democrata das cordas. Com o apoio à vice Kamala Harris, uma filha de imigrantes, Biden ofereceu aos correligionários e aos financiadores de sua falecida campanha a chance de colocar Trump para brigar com o próprio "sonho americano".

Filha de mãe indiana e pai jamaicano, Kamala formou-se em Direito e construiu uma carreira de vitrine num país que costumava se orgulhar de sua sua antiga condição Éden da mobilidade social. Se exagerar na pancadaria, Trump pode esmurrar o eleitorado feminino, negro e latino. No limite, pode golpear Usha Vance, a filha de indianos casada com seu que candidato a vice, J.D. Vance.

A estratégia republicana será recalibrada, pois Trump se equipava há três anos para confrontar Biden. Dos rivais, as circunstâncias exigem unidade. O bom senso recomenda dois lances à cúpula democrata. Num, o partido coroaria rapidamente Kamala, antes da convenção nacional do partido, marcada para o período de 19 a 22 de agosto.

Noutro lance, os democratas indicariam para vice de Kamala um correligionário bem-posto de um dos estados-pêndulo ("swing states"). Gente como o governador Josh Shapiro, da Pensilvânia, estado que envia 19 delegados para o colégio eleitoral de onde sairá o próximo inquilino da Casa Branca.

A despeito da desalentadora senilidade de Biden e do revigorante tiro na orelha de Trump, as curvas das pesquisas mantiveram-se nos limites da margem de erro. A polarização petrificada empurra a decisão para o colo de uma parcela minoritária do eleitorado. Daí a importância capital dos estados pendulares, que oscilam entre republicanos e democratas.

O ineditismo da conjuntura política faz das projeções de resultado eleitoral meras ousadias extraídas de bolas de cristal. Mas uma coisa já pode ser dita: o retorno de Trump à Casa Branca, que parecia muito provável, tornou-se no mínimo duvidoso. A menos de quatro meses do encontro dos Estados Unidos com a urna, a disputa recomeçou.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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