Há mais voto de Lula entre rivais e 'indecisos' do que com Boulos
A mais recente pesquisa Quaest traz estatísticas perturbadoras para o Planalto e o comitê eleitoral do PSOL em São Paulo. A 24 dias do primeiro turno da eleição municipal, Guilherme Boulos está empacado. Sua aliança com Lula ainda não engrenou. O candidato do PSOL atraiu apenas 43% dos eleitores paulistanos que votaram em Lula na sucessão presidencial de 2022.
Juntos, os adversários de Boulos amealham na pesquisa 44% da preferência do eleitorado que optou por Lula há dois anos. Somando-se os lulistas que se declaram "indecisos" (4%), o percentual sobe para 48%. Computando-se os que dizem que anularão o voto ou votarão em branco (5%), chega-se a 53% —dez pontos percentuais a mais do que o lulismo que se diz seduzido por Boulos.
Manteve-se na pesquisa o cenário de empate triplo. Mas Ricardo Nunes (24%) e Pablo Marçal (23%) cresceram, respectivamente, quatro e cinco pontos em duas semanas —acima da margem de erro da pesquisa. Boulos (21%) escorregou um ponto para baixo. Está aquém do patamar tradicional da esquerda na cidade de São Paulo, ao redor de 30%.
Como se fosse pouco, a pesquisa revela que Boulos perde espaço para os rivais em redutos onde imaginava que cresceria. Em duas semanas, Nunes cresceu nove pontos entre os que ganham até três salários mínimos. Avançou oito pontos entre os que estudaram apenas até o ensino fundamental. Marçal saltou nove pontos entre os eleitorais mais jovens, com até 34 anos. Nesse nicho, Boulos era o mais popular até o mês passado. Hoje, está 12 pontos atrás de Marçal.
A pesquisa consolidou, por assim dizer, a lulodependência de Boulos. Mas o candidato do PSOL não flerta com o vexame sozinho. O fiasco será duplo se Lula não conseguir levar Boulos ao segundo turno. Nessa hipótese, Lula perderia para a direita, representada por Tarcísio de Freitas, hoje o principal padrinho de Nunes. Perderia também para a ultradireita, personificada em Marçal, que cresceu à revelia de Bolsonaro.
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