Ao ameaçar delegados da PF, delinquência muda de patamar
Quando alguns brasileiros foram pedir golpe na porta dos quarteis, imaginou-se que os devotos de Bolsonaro eram incapazes de todo. O quebra-quebra do 8 de janeiro revelou que, na verdade, eram capazes de tudo. Numa evidência de que a política brasileira está longe de superar a fase primitiva, a delinquência mudou de patamar. Já não poupa nem delegado da Polícia Federal.
Encontram-se sob ataque os delegados Fábio Shor e Raphael Astini. Um comanda a investigação sobre milícias digitais, com os seus agregados —da falsificação de cartões de vacina ao roubo de joias. O outro toca o inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado. Ambos tiveram os dados pessoais capturados. E passaram a amargar ataques nas redes e ameaças fora delas. Nem os familiares são poupados.
A milícia bolsonarista migrou do ambiente digital para o mundo presencial, emitindo sinais de que conhece veículos e endereços dos seus alvos. A investida engrossou o caldo em que ferve o bloqueio da rede X, determinado por Alexandre de Moraes. A plataforma de Elon Musk descumpriu ordens do ministro do Supremo Tribunal Federal para remover perfis tóxicos das redes.
É contra esse pano de fundo que Bolsonaro molha a camiseta da seleção brasileira por uma anistia para os golpistas. Aposta que os inquéritos estrelados por ele cairão por "falta de materialidade". Pede no Congresso um diálogo que conduza à pacificação. Os fatos evidenciam a falta que faz um bom lote de condenações criminais contra o capitão.
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