Josias de Souza

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Sonho de Bolsonaro de liderar a direita ganhou ares de pesadelo

A um mês do primeiro turno das eleições municipais, o sonho de Bolsonaro de liderar a direita nacional vai ganhando a aparência de pesadelo. De acordo com o Dadtafolha, o incômodo é maior nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, três das principais vitrines da temporada.

Em São Paulo, Bolsonaro tenta se equilibrar em meio ao entrechoque dos eleitores que votaram nele em 2022. Em vez de comandar, é comandado pelas circunstâncias. Assiste atônito à briga particular entre Ricardo Nunes, o bolsonarista oficial; e Pablo Marçal, o dissidente —ambos com 22%— pela vaga de adversário do lulista Guilherme Boulos (23%), num hipotético segundo turno.

Zonzo, Bolsonaro já se dá por satisfeito se alcançar em São Paulo o objetivo estratégico de evitar a associação com uma derrota. Tarcísio de Freitas cresce em cima da hesitação do "mito". Prega o voto útil da direita em Nunes, que se manteve vivo no Datafolha.

Escorado nas estatísticas, Tarcísio sustenta que Marçal representaria num eventual segundo turno "a porta de entrada para Boulos" na prefeitura. Se for bem sucedido na sua estratégia, o governador retira um escorpião de ultradireita do seu caminho e consolida-se como polo alternativo a Lula em 2026.

No Rio, berço político do capitão, a evidência de que o conservadorismo não é sinônimo de bolsonarismo é ainda mais eloquente. Ali, o preferido do clã Bolsonaro, Alexandre Ramagem (11%), tornou-se candidato favorito a levar uma surra eleitoral do prefeito Eduardo Paes (59%) ainda no primeiro turno.

Em Belo Horizonte, o bolsonarista Bruno Engler (13%), está embolado num pelotão intermediário, 16 pontos percentuais atrás do líder Mauro Tramonte (29%). Mantidas as tendências, as urnas de 2024 podem reservar para Bolsonaro uma notícia desalentadora: embora o capitão se considere um "cabo eleitoral de luxo", o pedaço conservador da sociedade não parece disposto a fazer o papel de gado eleitoral.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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