Rejeitado por quase metade dos eleitores, Marçal virou ex-Marçal
No sétimo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, no SBT, Pablo Marçal respondeu aos adversários em tom ameno e respeitoso. Pediu "perdão" ao eleitor pelos baldes de lama que derramou nos seis encontros anteriores. Prometeu uma "postura de governante". Ou seja, Marçal estava completamente fora de si.
Até aqui, Marçal havia se dedicado a gritar incêndio dentro do teatro eleitoral. Nesta sexta-feira, farejando o cheiro de queimado, Tabata Amaral gritou teatro dentro do incêndio: "Eu tô achando muito curioso esse joguinho combinado em que todo mundo virou amiguinho".
Toda campanha eleitoral tem um quê de encenação. Mas o candidato não pode ser apenas uma pose. É preciso que, por trás da pose, exista uma noção qualquer de interesse púbico, respeito e honradez.
Exagerando na cenografia, Marçal faz lembrar um episódio protagonizado pelo cineasta Billy Wilder. Quando lhe perguntaram se achava mesmo que o ser humano era corrupto, amoral e cínico, Wilder respondeu: "Claro que não! Vocês não viram A Noviça Rebelde?".
O bom-mocismo de Marçal soou tardio e ofensivo. Chegou tarde porque, a duas semanas da eleição, a conversão do piromaníaco em ex-Marçal talvez seja insuficiente para reverter o nojo de 47% dos eleitores que disseram ao Datafolha que jamais votariam no grotesco. A mudança repentina ofende porque subestima a inteligência alheia.
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