Josias de Souza

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Opinião

Patriotismo dos bolsonaristas mora dentro do déficit público

Se as últimas horas da rotina do deputado Gustavo Gayer fossem contadas num curta-metragem, o nome do filme seria "Deus e o diabo na Terra Plana do bolsonarismo." Do dia para a noite, Gayer trocou de figurino. De figurante num palanque de aparência imaculada, tornou-se protagonista de um caso de polícia.

Na manhã desta quinta-feira, Gayer foi acordado pelos rapazes da Polícia Federal. Descobriu que é a principal estrela de um inquérito que apura desvios no uso da chamada cota parlamentar. Dinheiro público que deveria financiar as atividades vinculadas ao mandato parlamentar foi usado para fins privados.

Na véspera, o deputado havia ornamentado comício em que Michelle Bolsonaro e Damares Alves convocaram os cristãos para votar no candidato do bolsonarismo à prefeitura de Goiânia, Fred Rodrigues. Michelle insinuou que, além de Deus, seu marido também está na causa. "Em breve, termos a volta do capitão", disse ela.

Assim como Michelle e seu marido, Gayer também é reverente à tese segundo a qual o Brasil está acima de tudo e Deus está acima de todos. O diabo é que a incursão da PF indica que o Todo-Poderoso está tão acima que talvez não enxergue rachadinhas e mordidas na cota parlamentar. Apreenderam-se R$ 72 mil na casa de um assessor de Gayer.

O deputado ataca Xandão, que ordenou a batida policial. Insinua que é vitima de perseguição. Espera-se que tenha argumentos melhores para esgrimir em sua defesa. Do contrário, será potencializada a percepção de que o patriotismo do bolsonarismo mora dentro do déficit público.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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