Bolsonaro conta com Trump para fazer do 'Brazil' a casa da sogra
Bolsonaro se move como se pretendesse lançar uma versão própria do slogan adotado por Trump nos Estados Unidos. Ainda não tem nome. Mas poderia se chamar MIGA (Make Insensatez Grate Again). O objetivo do movimento é adulterar os fatos que aqui gorjeiam, para forçá-los a gorjear como lá. "Quase tudo o que acontece lá acontece aqui", disse o capitão.
Bolsonaro diz enxergar na vitória de Trump um "passo importantíssimo" na via crucis o leva à ressurreição política. Vangloria-se da paixão gratuita que imagina ter despertado no Todo-Poderoso: "É como você se apaixonar por alguém de graça, né? Essa paixão veio da forma como eu tratava ele, sabendo o meu lugar." Admite a própria insignificância: "Eu estou para ele como o Paraguai está para o Brasil."
Quando Bolsonaro volta a ofender Alexandre de Moraes —"Há dois anos querendo me incriminar como golpista, vai à merda, porra..."— oferece aos seus devotos mais do mesmo. A porca entorta o rabo quando o capitão insinua que Trump pode emitir sinais para que a Suprema Corte brasileira "faça as coisas direito". Chega-se a um ponto crítico quando Bolsonaro insinua que Trump gostaria de vê-lo anistiado: "Ele vai ter que dizer isso aí".
Não adianta tentar convencer os devotos de que o patriotismo de Bolsonaro é de meia-tigela. Mas não se deve deixar de proclamar a percepção elementar dos seus objetivos. O que o "mito" deseja é usar a vitória de Trump para transformar o "Brazil" numa casa da sogra. Se tivessem juízo, a PGR e o Supremo se apressariam em demonstrar que suas palmeiras não fornecem sombra para delinquente e seus sabiás cantam mais afinados que os de lá.
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