Prisão de Braga Netto reacende a dúvida: de onde veio o dinheiro?
A prisão do general Walter Braga Netto é um acontecimento histórico. Ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, candidato a vice de Bolsonaro em 2022, o personagem desceu ao verbete da enciclopédia como primeiro quatro estrelas, patente máxima da hierarquia do Exército, a receber voz de prisão da Polícia Federal. A despeito da relevância historiográfica, a novidade reforçou a percepção de que o inquérito sobre a tentativa de golpe é uma obra inconclusa.
O ministro do Supremo Alexandre de Moraes anotou na ordem de prisão que Braga Netto atuou para "embaraçar as investigações". Tentou interferir na delação do tenente-coronel Mauro Cid. Com a premiação judicial ameaçada, Cid apertou a corda no pescoço do general. Contou que, em "reunião no Palácio do Planalto ou no Alvorada", Braga Netto "entregou o dinheiro" que financiou o plano Punhal Verde Amarelo.
O malsucedido plano para assassinar Lula, Alckmin e o próprio Moraes foi orçado em R$ 100 mil. Dinheiro acondicionado numa sacola de vinho e repassado ao major Rafael Martins, que servia no Batalhão de Operações Especiais, abrigo dos kids pretos. De acordo com Cid, Braga Netto disse ter obtido a verba "junto ao pessoal do agronegócio." Faltou dar nome aos bois dor rebanho golpista.
Em dois anos, a Polícia Federal realizou uma investigação minuciosa. Os golpistas indiciados já somam 40, entre eles Bolsonaro e 28 integrantes daquilo que o capitão chamava de "minhas Forças Armadas". Há no inquérito farto material para condenar todos eles. O que passou a chamar atenção não são os golpistas já catalogados pela PF, mas os que ainda não constam da lista de encrencados. Entre as perguntas ainda sem resposta uma é especialmente incômoda: de onde veio o dinheiro?
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