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Vingança da morte de Gegê: sumiço de corpo de membro do PCC completa 3 anos
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A família de José Adinaldo Moura, o Nado, assaltante de banco ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e ao bando que roubou R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza (CE), em 6 de agosto de 2005, não tem mais esperança de encontrá-lo com vida.
Nado desapareceu em 22 de fevereiro de 2018, no mesmo dia em que o amigo e comparsa Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, principal gerente do tráfico internacional de drogas do PCC, foi morto a tiros de fuzil no Tatuapé, zona leste de São Paulo.
Uma semana antes, Cabelo Duro havia participado dos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em uma aldeia indígena na região metropolitana de Fortaleza. Ambos eram da alta cúpula do PCC e foram acusados de desviar dinheiro da facção.
Sem notícias há três anos
Anderson Minichillo, advogado de Nado, disse que o filho, a filha e outros parentes de seu cliente acreditam que ele realmente esteja morto. "Todos desconhecem o motivo do desaparecimento. Ele nunca teve o hábito de ficar um dia sequer sem dar notícias aos familiares," explicou o defensor.
A Polícia Civil de São Paulo está há três anos sem pista de Nado. A Delegacia de Desaparecidos, uma das unidades do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), também não descarta a possibilidade de assassinato.
O DHPP não investiga oficialmente o caso porque os familiares de Nado não procuraram a polícia para registrar boletim de ocorrência sobre o desaparecimento dele. Geralmente, quando alguém é morto por integrantes do PCC, os parentes não prestam queixa na delegacia por medo de represália.
As suspeitas são de que Nado foi morto por comparsas de Gegê do Mangue e de Paca porque não quis revelar onde Cabelo Duro estava escondido. Ele teria sido sequestrado e depois levado para um esconderijo na Favela de Paraisópolis, na zona sul. Desde então nunca mais foi visto.
Parentes dele percorreram hospitais, sedes de IML (Instituto Médico Legal) na capital e Baixada Santista e até locais de desovas de vítimas do "tribunal do crime" do PCC, encontrados pela Polícia Civil na zona leste de São Paulo. As buscas foram em vão.
Nado se recusou a entregar amigo
Segundo a Polícia Civil, os parceiros de Gegê de Mangue e de Paca conseguiram convencer um amigo de Nado - comparsa dele em roubos a bancos - a trair Cabelo Duro. O nome dele é Cláudio Roberto Ferreira, conhecido como Galo.
Nado e Galo foram presos com ao menos outros 30 assaltantes em setembro de 2006, em Porto Alegre (RS), durante a Operação Toupeira, deflagrada pela Polícia Federal. O bando formava uma célula da quadrilha que roubou o BC de Fortaleza e iria assaltar outros dois bancos na capital gaúcha.
Investigações do DHPP apontaram que Galo forneceu o endereço de Cabelo Duro, no Tatuapé, para os parceiros de Gegê do Mangue e de Paca. Aliados de Cabelo Duro souberam da traição e prometeram vingar a morte do principal gerente do narcotráfico do PCC.
Galo foi assassinado com 70 tiros de fuzis no dia 23 de julho de 2018. Ele estava em um carro blindado, na rua Coelho Lisboa, também no bairro do Tatuapé, quando os atiradores chegaram. Um dos fuzis usados pelos criminosos conseguiu perfurar a blindagem do veículo.
Até agora, o DHPP não identificou os autores das mortes de Nado, Cabelo Duro e Galo. A Polícia Civil reabriu as investigações sobre os homicídios dos dois últimos e aponta o envolvimento de um sargento da Polícia Militar nos assassinatos.
O PM nega e alega inocência. Ele está preso sob a acusação de ter matado um colega de farda que havia o denunciado por cobrar propina de traficantes de drogas ligados ao PCC em uma favela na região de Cangaíba, zona leste de São Paulo.
Ouça também o podcast Ficha Criminal, com as histórias dos criminosos que marcaram época no Brasil. Esse e outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e outras plataformas de áudio.
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