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PF prende agente acusado de ser 'pombo-correio' do CV em presídio federal
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O agente penal Docimar José Pinheiro de Assis, 53, foi preso ontem (15) sob acusação de levar e trazer bilhetes para líderes do CV (Comando Vermelho) presos na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. O servidor tinha 15 anos de carreira.
A Polícia Federal investigava o agente desde janeiro de 2020 e apurou que ele agia como "pombo-correio" para a liderança do CV, incluindo os presos Fabiano Atanásio da Silva, o FB, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, Pedro Vieira dos Santos, o Matemático, e Marco Antonio Pereira Firmino da Silva, o My Thor.
Na manhã de ontem, a PF deflagrou a Operação Efialtes. O nome é em alusão ao grego que traiu o próprio Exército durante a batalha das Termópilas, em 480 a.C., passando ensinamentos aos inimigos persas, em troca de dinheiro.
Foram expedidos 26 mandados de prisão preventiva e dez de busca e apreensão nos estados do Paraná (Catanduvas e Cascavel), Santa Catarina (Chapecó) e São Paulo. A mulher do agente penal, uma advogada e 18 detentos do presídio federal foram acusados de envolvimento no esquema.
A Justiça Federal havia autorizado a quebra de sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário dos suspeitos. Os dados foram colhidos durante sete quinzenas de monitoramento e, de acordo com a PF, não deixaram dúvida em relação à participação delitiva dos acusados.
As investigações apontaram que Docimar, chefe de vivência (pavilhão do presídio), se aproveitava dos momentos em que estava sozinho, longe dos outros colegas, para dar e receber bilhetes. As mensagens eram entregues pelas portinholas das celas.
As correspondências eram levadas de um xadrez para outro e também para a rua. No presídio, o detento FB foi o que mais recebeu e entregou bilhetes para o agente.
A PF pediu a prisão preventiva da mulher do agente penal, Michelle Karol Malavski, 27; da mulher do prisioneiro FB, Mariana Né da Silva, 32; e da advogada Luceia Aparecida Alcântara de Macedo, 39.
Bens sequestrados
Segundo a Polícia Federal, Docimar movimentou R$ 1 milhão em um ano e comprou um apartamento, um sobrado e um veículo de luxo. A advogada foi acusada de ter movimentado R$ 5 milhões em sua conta corrente em um período inferior a dois anos.
Para a Polícia Federal, graças à participação do agente penal no esquema, os presos do Comando Vermelho mantiveram a administração de suas atividades ilícitas de dentro da Penitenciária de Catanduvas, especialmente o tráfico de drogas.
Os agentes apuraram que um dia após a morte do líder do CV, Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco --encontrado enforcado na cela em Catanduvas em 22 de setembro de 2020--, Docimar esteve com a advogada. Os federais ainda flagraram, na mesma data, o agente no próprio carro com uma mulher envolvida no esquema.
Além das prisões preventivas e dos mandados de busca e apreensão, a PF também pediu à Justiça Federal o sequestro dos bens do agente penal e dos demais acusados.
Docimar foi indiciado por associação à organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Esta é a primeira vez que um agente penal de presídio federal é preso acusado de ser "pombo-correio" de líderes de facção criminosa.
A reportagem do UOL não conseguiu contato com os advogados dos acusados.
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