Josmar Jozino

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Reportagem

Espanhol é golpista e armou o próprio sequestro em SP, diz ex-namorada

Gulistan Luana Bektas Lopez, 21, ex-namorada de Rodrigo Perez Aristizábal, 25, gravou vídeo dizendo que o espanhol inventou uma história de sequestro, é golpista internacional e nunca teve dinheiro. O homem disse ter sido levado por policiais em São Paulo e transferido US$ 60 milhões aos sequestradores.

À Polícia Civil, Aristizábal alegou que foi sequestrado no último dia 26, e ficou mantido algemado cinco dias em uma casa em Mogi das Cruzes (SP), de onde fugiu após dopar o policial militar aposentado Ronaldo da Cruz Batista, a quem acusa de vigiá-lo no cativeiro.

O PM foi preso. A Justiça decretou a prisão temporária dos policiais civis Thiago Gouveia dos Santos, 39, e Moreno Henrichs Huschak, 44, também investigados por envolvimento no suposto sequestro.

O advogado Erich Luiz Amorim de Oliveira diz que tanto o PM quanto os dois policiais civis são inocentes. O defensor acrescentou que os investigadores vão se apresentar oportunamente à Corregedoria da corporação, e que o caso terá uma reviravolta.

No vídeo gravado, Gulistan apresenta outra versão. A garota, de nacionalidade paraguaia, afirma que no mês passado o ex-namorado passou a ser ameaçado de morte por um homem a quem ele devia US$ 200 mil, e que ela teria pedido ajuda ao policial civil Thiago Gouveia.

Segundo Gulistan, o espanhol continuava com muito medo. Ela, então, teria pedido ajuda ao amigo policial para ficar em um lugar seguro. Aristizábal teria concordado com o plano, e Thiago encontrou um sítio para o casal na região de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

A mulher diz que, no local, o casal participou de churrasco com Thiago e os amigos dele. No dia seguinte, ela teria brigado com o companheiro porque não queria mais ficar fugindo. Na versão de Gulistan, o homem a machucou, deixando-a "muito assustada". Por isso, ela aproveitou quando o namorado dormiu bêbado para ir embora.

A jovem ressaltou que Aristizábal inventou o sequestro, nunca foi empresário, jamais teve dinheiro ou banco digital, e é golpista. Segundo a mulher, ele aplicou golpes em quatro países, e era ela quem pagava o aluguel do apartamento onde o casal vivia em São Paulo, além das contas pessoais dele.

Gulistan revelou ainda que conheceu o espanhol em outubro do ano passado no Paraguai, que ele tomou dinheiro de muitas pessoas lá, e por isso fugiu para o Brasil. O espanhol tem um histórico de prisões por fraudes no Equador e em território paraguaio, como mostrou reportagem do UOL ontem.

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O que disse o espanhol à polícia

O espanhol Rodrigo Pérez Aristizábal
O espanhol Rodrigo Pérez Aristizábal Imagem: Reprodução

Em depoimento à polícia, o espanhol afirmou que no último dia 26 saiu de seu apartamento no bairro do Ipiranga, zona sul de SP, para jantar com Gulistan.

Durante o encontro em uma padaria, Aristizábal diz ter percebido que "sua namorada recebia diversas mensagens no seu celular de uma pessoa chamada THOR". Ainda de acordo com ele, a jovem usava o aparelho de "forma escondida".

Ainda na versão do espanhol, quando retornava a pé para casa, notou uma caminhonete da Polícia Civil e um homem com uniforme, de cabelos loiros, portando um fuzil, ao lado da viatura. Ao passar pelo veículo, o "policial" teria abordado o empresário gritando "Interpol", apreendido seu celular e o algemado. Aristizábal afirma ter chegado ao cativeiro por volta da 1h30 de quarta-feira.

"No local, tiraram uma foto do declarante, tendo sido levado para dentro do local, algemado, oportunidade na qual viu os dois policiais que o conduziram, bem como outra pessoa que estava no interior do imóvel", diz um trecho do depoimento colhido pela polícia.

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Posteriormente, ainda de acordo com seu relato, chegaram dois furgões, com mais quatro pessoas e um cachorro. Na versão do espanhol, durante os dias em que passou em cativeiro, ele ouviu a voz e, posteriormente, viu a namorada no local, conversando com os "sequestradores".

Ele disse acreditar que a namorada esteja envolvida no "sequestro", pois "ela sabia quanto de dinheiro ele possuía em suas contas bancárias".

Transferência em criptomoedas

Conforme o relato de Aristizábal, na manhã seguinte, um dos sequestradores retirou US$ 10 milhões de sua conta bancária, no Capilanz Bank, do qual ele afirma ser sócio majoritário. E ressaltou que outras transferências chegaram a US$ 50 milhões.

"O dinheiro não pode ser convertido em espécie, apenas trocado por criptomoedas," afirmou o empresário espanhol.

Aristizábal contou ainda que aproveitou uma distração do PM reformado que fazia a guarda no cativeiro, e conseguiu fugir. Policiais militares foram ao local e prenderam Batista em flagrante.

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O advogado Erich Luiz Amorim de Oliveira defensor do PM preso e dos investigadores Thiago e Moreno, afirmou que o espanhol "é um golpista, inventou toda a história do sequestro e que vai provar a inocência dos clientes".

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Rodrigo Perez Aristzábal. O espaço continua aberto para manifestações e o texto será atualizado caso haja um posicionamento dele ou de seus defensores.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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