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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Empresária suspeita de mandar matar o namorado vai ser ouvida hoje no DHPP

Colunista do UOL

30/06/2021 04h00

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A empresária Anne Cipriano Frigo, 46, acusada de ter mandado matar o namorado Vitor Lúcio Jacinto, 42, vai ser ouvida hoje no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Ela e o corretor de imóveis Carlos Alex Ribeiro de Souza, apontado como autor do assassinato, tiveram a prisão de 30 dias decretada ontem pela Justiça.

Acostumada com o conforto do luxuoso apartamento de 700 metros quadrados de um prédio localizado em bairro nobre de São Paulo, a empresária passou a noite fria de inverno em uma cela gelada no 89º DP (Portal do Morumbi), segundo informações da Polícia Civil.

Anne foi presa na tarde dessa terça-feira (29) por policiais do DHPP. A empresária era dona do Museu da Imaginação, mas se desligou da instituição em dezembro do ano passado, de acordo com nota da instituição. A Polícia Civil paulista informou à coluna que a família dela também atua no setor de papelão e tem indústrias e também negócios e muitas propriedades em Itatiba (SP).

Corretor confessou assassinato

O corretor de imóveis também foi preso. Carlos trabalhava para o casal. Segundo o diretor do DHPP, delegado Fábio Pinheiro, o acusado confessou o crime e contou que receberia R$ 200 mil da empresária.

A coluna não conseguiu falar com os advogados de Anne nem de Carlos. Porém, assim que a reportagem conseguir o contato vai publicar a versão da defesa de ambos.

Carlos disse no DHPP que convenceu Vitor a olhar um imóvel, na semana retrasada, e o matou com tiro certeiro no coração, quando dirigia um Audi na rodovia Castello Branco. O carro estava em movimento no momento do disparo. A vítima manuseava o telefone celular no banco de trás e teve morte instantânea.

O assassino seguiu para um matagal na rua Açucena-do-Campo, na Riviera Paulista, zona sul. Carlos tentou atear fogo no corpo de Vitor, para eliminar provas e dificultar a identificação da vítima. O cadáver foi encontrado no dia 18 deste mês e apresentava queimaduras no crânio e na canela direita.

Antes de ser encaminhada para o 89º DP, uma carceragem feminina destinada também para presas com curso superior, Anne foi submetida a exame de corpo de delito. Ela é graduada em Direito pela FMU. Ao ser interrogada, a empresária ficou em silêncio e por isso deve ser ouvida hoje.

Fábio Pinheiro afirmou que dois dias depois de mandar assassinar o namorado, Anne realizou uma festa para comemorar o aniversário dela. O DHPP apurou que a empresária ficou com o telefone celular de Vitor, e, para tentar despistar a polícia, mandou várias mensagens se passando por ele, inclusive para ela mesmo, dando os parabéns por mais um ano de vida.

Os delegados Rodolpho Chiarelli e Magali Celeghin Vaz, do DHPP, passaram a investigar o caso, cruzaram informações com o serviço de inteligência e chegaram aos nomes de Anne e Carlos.

Descontente

Eles apuraram que Anne era muito ciumenta e havia descoberto que Vitor a havia traído. Segundo os policiais, a empresária também estava descontente com o namorado porque ele gastava muito dinheiro dela.

Anne tinha comprado um Porsche vermelho no valor de R$ 2 milhões para Vitor. E também deu para ele uma bicicleta de R$ 120 mil. O namorado morava em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo, e ela pagava o aluguel mensal de R$ 32 mil.

Ainda de acordo com Fábio Pinheiro, Anne conheceu Vitor por meio de um aplicativo de paquera, quatro anos atrás, quando ele trabalhava como segurança em um restaurante no Itaim Bibi. O delegado acrescentou que o casal fez em cartório um contrato de união estável.

Fábio Pinheiro revelou ainda que, por causa da pandemia, Anne e Vitor decidiram morar separados. Ele ficou na casa de Alphaville e ela no luxuoso apartamento na Vila Nova Conceição. O delegado contou que a empresária foi casada antes, tem um casal de filhos menores e perdeu a guarda deles.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa tem um mês para concluir o inquérito sobre o assassinato de Vitor. A Polícia Civil deve pedir, nos próximos dias, a prisão preventiva (sem prazo) da empresária e do corretor de imóveis.