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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Governo de SP já transferiu 60 presos do PCC para penitenciárias federais

21.jan.2020 - Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, é levado de prisão em Brasília para fazer exames médicos - Lucio Tavora/Xinhua/Folhapress
21.jan.2020 - Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, é levado de prisão em Brasília para fazer exames médicos Imagem: Lucio Tavora/Xinhua/Folhapress

Colunista do UOL

14/07/2021 04h00

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Os cinco presídios federais do Brasil abrigam 60 presos de São Paulo, todos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), apontado como a maior facção criminosa do país.

O número representa quase 10% dos 658 detentos sob custódia do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), responsável pela administração dessas unidades prisionais.

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) afirma que 15 destes 60 membros do PCC são os considerados de maior periculosidade e foram removidos em fevereiro de 2019. Para a Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo, a remoção representou duro golpe e desestabilização da organização criminosa.

pcc - Marcelo Camargo/Agência Brasil - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Penitenciária Federal de Brasília, onde está presa a cúpula do pcc
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Cúpula do PCC está em Brasília

A cúpula do PCC está recolhida na Penitenciária Federal de Brasília. Nessa lista consta o nome de Marco Willians Herbas Camacho, 53, o Marcola tido pelas autoridades de segurança pública de São Paulo como o líder máximo do grupo. Ele sempre negou ser integrante da facção criminosa.

Também estão presos na Penitenciária Federal de Brasília Roberto Soriano, o Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, Cláudio Barbará da Silva, o Barbará, e Paulo César Souza Nascimento Júnior, o Paulinho Neblina, entre outros.

De acordo com a promotoria de Justiça, todos esses presos foram transferidos para unidades federais porque eram alvo de resgate na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente, subordinado ao MPE, sustenta que em setembro de 2018 o PCC planejava a fuga deles.

O MP-SP informou que o plano de resgate foi idealizado por Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, apontado como braço direito de Marcola. Fuminho estava foragido à época havia mais de 20 anos e acabou recapturado em abril de 2020 em Moçambique, na África. Ele está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.

Advogados de Marcola, Fuminho, Tiriça, Vida Loka, Andinho, Barbará e Paulinho Neblina sustentam que esse plano de resgate jamais existiu e, portanto, nunca foi provado. Segundo os defensores, isso não passou de pura invenção usada como argumento pelo MPE para obter a transferência desses presos para outros estados.

"Piauí" é o preso mais antigo

Um dos presos de São Paulo com maior tempo de permanência em presídio federal é Francisco Antônio Cesário da Silva, 45, o Piauí. Ele foi removido para o SPF (Sistema Penitenciário Federal) em 8 de novembro de 2012, sob a alegação de ter planejado a morte de policiais militares.

Investigações conduzidas pela Polícia Civil de São Paulo concluíram que Piauí era o chefe do PCC na favela de Paraisópolis, zona sul paulistana, a segunda maior da capital.

Documentos do MPF (Ministério Público Federal) aos quais o UOL teve acesso mencionam que "Piauí exerce papel de articulação e destaque no PCC e é preso de elevada periculosidade".

No registro de Piauí no SPF constam 22 procedimentos disciplinares internos. Segundo o MPF, o preso cometeu seis faltas na Penitenciária Federal de Porto Velho, 10 na Penitenciária de Mossoró, uma em Campo Grande e cinco em Catanduvas, onde se encontra custodiado.

Piauí deve completar no ano que vem 10 anos de custódia em presídios federais. Para os defensores dele, o fato de o preso ser mantido 22 horas isolado em cela, sem contato com outras pessoas, resulta em extremo abalo emocional.

Na avaliação dos advogados de Piauí, "é inegável as sérias patologias que o Sistema Penitenciário Federal causa aos custodiados, além de enorme desrespeito às integridades física, psíquica e moral dos prisioneiros".