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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Ladrões roubam duas toneladas de cocaína de André do Rap e Anderson Gordão

Colunista do UOL

21/10/2021 14h59Atualizada em 22/10/2021 03h05

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O consórcio de drogas de André Oliveira Macedo, 43, o André do Rap, e Anderson Lacerda Pereira, 41, o Gordão, ambos foragidos da Justiça, sofreu um prejuízo de R$ 80 milhões em agosto deste ano, quando ladrões roubaram duas toneladas de cocaína dos dois narcotraficantes.

A cocaína pura foi adquirida na Colômbia e estava guardada em um depósito no Guarujá, na Baixada Santista. A intenção deles, apontados pela polícia como integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), era exportar a droga para a Antuérpia, na Bélgica, via porto de Santos, escondida em contêiner.

De acordo com policiais ouvidos pela coluna e que pediram anonimato, informantes revelaram o esconderijo para policiais corruptos. Dois homens tidos como traidores do consórcio, conhecidos pelos apelidos de Índio e Marinho, estão desaparecidos. Setores das forças de segurança acreditam que ambos estejam mortos.

Não houve registro oficial de apreensão nem de sumiço da droga. Porém, André do Rap e Anderson Gordão, ambos possivelmente escondidos em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, estão cobrando a dívida. O roubo da cocaína gerou enorme tensão no litoral paulista.
Também não há informações sobre registro de boletim de ocorrência sobre os dois delatores sumidos. Em redes sociais, uma jovem loira, bonita, se despede do namorado e lamenta estar sentindo muita dor por causa da perda dele.

Um vídeo mostrando traficantes colocando uma espécie de selo de qualidade da cocaína pura, ou seja, autenticando o código do consórcio da cocaína, circula em aparelhos de telefone celular de criminosos. As imagens não mostram rostos, só mãos dos envolvidos.

Segundo policiais, André do Rap é respeitado entre os narcotraficantes europeus por causa da qualidade e da pureza (95%) da cocaína que costuma exportar para diversas cidades do Velho Continente, via portos, especialmente Bélgica, Espanha e Itália.

As imagens dos narcotraficantes embalando as drogas foram obtidas pelo repórter Rodrigo Hidalgo e divulgadas em primeira mão no Jornal da Band na noite da última quarta-feira.

Sócios e foragidos

André do Rap está foragido desde outubro do ano passado, quando saiu da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) pela porta da frente, graças a um habeas corpus concedido pelo então ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).

No dia seguinte, o próprio STF cassou o alvará de soltura do narcotraficante. No documento assinado, ele forneceu como endereço um imóvel na Baixada Santista. Porém foi de carro para o Paraná e desapareceu.

Dono de 38 clínicas médicas e odontológicas, em São Paulo, Anderson Gordão, sócio de André do Rap, tem contra ele um mandado de prisão expedido pela 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.

Fontes policiais afirmam que ele tem um patrimônio de R$ 130 milhões e também é proprietário de um hospital para cuidar de integrantes do PCC baleados em confrontos e possui ainda um pequeno zoológico na cidade de Santa Isabel (SP).

Anderson planejava abrir clínicas em Recife. O filho adotivo dele, Renato da Silva Bustamante de Sá Júnior, 29, é acusado de ter administrado os negócios do pai na capital pernambucana, onde foi preso por agentes federais no dia 29 do mês passado em um apartamento de luxo.

Anderson dos Santos Domingues e Áureo Tupinambá, advogados de André do Rap, disseram que o cliente é inocente de todas as acusações e que as nulidades da Operação Oversea, na qual ele foi condenado a 15 anos por tráfico internacional, serão demonstradas no curso do procedimento criminal.

A defesa de Anderson Gordão afirma que ele também é inocente, jamais integrou organização criminosa, não praticou lavagem de dinheiro e que as clínicas que possui são da família dele e operam licitamente há mais de 10 anos.

As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.