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Justiça condena a 8 anos de prisão acusados de planejar resgate de Marcola
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A Justiça condenou a oito anos de prisão os detentos Valdeci Francisco da Costa, o CI, e Márcio Domingos Ramos, o Gaspar, acusados de planejar o resgate em Brasília de Marco Willians Herbas Camacho, 54, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Valdeci e Márcio estavam presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) em 8 de abril de 2019, quando agentes do presídio disseram ter apreendido bilhetes com detalhes sobre o plano para resgatar Marcola da Penitenciária Federal de Brasília.
Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), os bilhetes foram codificados e as investigações apontaram que a ação seria coordenada nas ruas pelo narcotraficante Gilberto Aparecido dos Santos, 51, o Fuminho, braço direito de Marcola.
Na época, Fuminho estava em liberdade. Ele foi preso em abril de 2020 em Moçambique, na África. Dias depois, o criminoso foi expulso daquele país e trazido para o Brasil sob forte escolta de agentes da Polícia Federal. Hoje está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR).
Ainda de acordo com o MP-SP, as mensagens mencionavam que Carlos Henrique da Silva, 51, o Carlão, também apontado como integrante do PCC, seria encarregado de recrutar os comparsas em todos os estados brasileiros para participar do resgate. Ele acabou preso em maio de 2019.
Os bilhetes eram codificados para dificultar as investigações em caso de possível descoberta do plano. Mas o serviço de inteligência da força de segurança conseguiu decifrar todos. O código "terra dos candangos", por exemplo, significava Penitenciária Federal de Brasília.
Em outro trecho, o bilhete dizia que o "pombo" já havia levantado voo. Era uma referência a drones utilizados para fazer o levantamento do presídio e da rotina dos agentes penitenciários federais. Outro código orientava a quadrilha a agir no "sapatinho", ou seja, com máxima cautela.
A pena de oito anos de cadeia imposta a Valdeci e Márcio pelo crime de associação à organização criminosa foi aplicada no último dia 25 pelo juiz Deyvison Heberth dos Reis, da 3ª Vara Criminal de Presidente Venceslau. Cabe recurso.
O magistrado absolveu da acusação, por falta de provas, o preso Wilber de Jesus Mercês. O MP-SP vai recorrer dessa decisão. Dias depois da apreensão dos bilhetes, os três presos foram transferidos para presídios federais a pedido do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente.
O Gaeco é subordinado ao MP-SP. O órgão já havia anunciado, em outubro de 2018, um outro plano para resgatar Marcola e outros líderes do PCC à época confinados na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
As investigações apontaram na ocasião que a audaciosa empreitada seria também coordenada por Fuminho e contaria com veículos blindados, aeronaves, armamentos de guerra e criminosos treinados na Bolívia e na África.
O MP-SP informou à época que o PCC iria cercar o batalhão da Polícia Militar na região de Presidente Venceslau e impedir até o voo do helicóptero Águia da PM. Outra meta dos resgatadores seria deixar a cidade sem energia elétrica.
Para evitar esse possível resgate, a Polícia Militar reforçou o patrulhamento na região e mobilizou para Presidente Venceslau centenas de homens da tropa de elite da corporação. Por precaução, o aeroporto da cidade também foi fechado.
Em fevereiro de 2019, a pedido do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco de Presidente Prudente, 15 presos da P-2 de Presidente Venceslau, considerados da alta cúpula do PCC, inclusive o líder máximo Marcola, foram transferidos para presídios federais.
Valdeci, Márcio e Wilber foram apontados como os novos chefes do PCC na P-2 de Venceslau, após a remoção da alta cúpula da facção. Porém, por causa da apreensão dos bilhetes atribuídos a eles, os três também acabaram removidos para longe de São Paulo.
As defesas dos presos afirmaram à reportagem que eles são inocentes de todas as acusações, que os planos de resgate são ficção e jamais foram comprovados e que os bilhetes apreendidos na P-2 de Venceslau foram forjados.
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