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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Caixeiro-viajante é suspeito de administrar bens da liderança do PCC em SP

Polícia diz que transportadora localizada perto da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau é de líder do PCC - Divulgação/Polícia Civil
Polícia diz que transportadora localizada perto da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau é de líder do PCC Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Colunista do UOL

30/05/2022 04h00

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Um caixeiro-viajante de 38 anos é investigado pela Polícia Civil e MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) por suspeita de administrar os bens da liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital) presa em penitenciárias federais.

O suspeito é alvo de dois inquéritos policiais sobre lavagem de dinheiro. Um deles foi instaurado pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e o outro pela Central de Polícia Judiciária de Presidente Venceslau (SP).

Nos dois inquéritos também constam o nome de uma advogada famosa. Ela tem milhões de seguidores nas redes sociais e já defendeu integrantes do PCC e um criminoso acusado por um assalto cinematográfico realizado no estado de São Paulo.

Os inquéritos policiais envolvendo o caixeiro-viajante e a advogada correm em segredo de Justiça. A reportagem não conseguiu falar com os defensores dos dois, mas publicará a versão deles na íntegra assim que houver uma manifestação.

Segundo as apurações do Deic, o investigado tem registro profissional como caixeiro-viajante e camelô, mas aparece como proprietário - junto com um sócio - de uma empresa de transporte, lojas de roupa, estacionamento e veículos de luxo. Para a Polícia Civil, esses bens são de um importante líder do PCC.

Em 27 de outubro do ano passado, policiais do Deic cumpriram mandados de busca, apreensão e prisão no apartamento onde o caixeiro-viajante morava com a mulher. Os investigadores apuraram que o suspeito alugou o imóvel da advogada famosa.

Os policiais disseram ter apreendido no local uma pistola calibre 40 roubada em Pinheiros, zona oeste paulistana, em 9 de novembro de 2017; 25,8 gramas de metanfetamina; 0,5 grama de ecstasy, além de munição. A advogada dona do apartamento acompanhou as buscas.

O suspeito foi preso em flagrante, mas acabou solto no dia seguinte por determinação judicial. O Ministério Público o denunciou à Justiça em 19 de novembro do ano passado pelos crimes de tráfico de drogas, posse ilegal de arma de fogo e munição e receptação da pistola calibre 40 roubada.

Depósitos na conta da advogada

Já o inquérito presidido pela Polícia Civil de Presidente Venceslau constatou que o gerente de uma transportadora de veículos daquela cidade, instalada nas imediações da Penitenciária 2, onde ficava a liderança máxima do PCC, depositava dinheiro nas contas do caixeiro-viajante e da advogada famosa.

As investigações apontaram que em 5 de agosto de 2020, o gerente da transportadora fez três depósitos bancários totalizando R$ 10 mil na conta da advogada e mais três depósitos na conta dela em 6 de outubro de 2020, no valor total de R$ 14.500,00.

Na conta do caixeiro-viajante foram depositados R$ 9.450,00 em 22 de abril de 2020. A Polícia Civil apurou que, além de ter alugado o apartamento da advogada no Jardim Anália Franco, no Tatuapé, zona leste de SP, o caixeiro-viajante foi representado por ela em uma ocorrência policial.

O sigilo telemático do gerente da transportadora foi quebrado com autorização judicial. A Polícia Civil de Presidente Venceslau descobriu que ele recebia 20% do lucro da empresa. O gerente e a mulher tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e estão foragidos.

Para a Polícia Civil, o gerente da transportadora é apenas uma laranja do esquema de lavagem de dinheiro e a empresa, na realidade, assim como os bens administrados pelo caixeiro-viajante na capital paulista são de um importante líder do PCC preso na Penitenciária Federal de Brasília.

Procurado pela reportagem, a defesa do gerente da transportadora e da mulher dele alegou que o casal é inocente de todas as acusações, que a verdade prevalecerá no decorrer do processo e que todas as medidas necessárias para reverter esse quadro estão em andamento nas instâncias superiores.