Topo

Josmar Jozino

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Empresário ameaçado pelo PCC é removido de prisão VIP para 'cova dos leões'

Colunista do UOL

11/03/2023 04h00Atualizada em 11/03/2023 16h48

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ameaçado de morte pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 36, foi removido da Penitenciária 2 de Tremembé, no Vale do Paraíba, para um presídio da região oeste do estado, considerado forte reduto da facção criminosa.

Por determinação do juiz Jair Antônio Pena Júnior, da 1ª Vara do Júri da capital, Vinícius havia sido removido para a Penitenciária 2 de Tremembé, no dia 1º de março deste ano, justamente para ter garantida a sua integridade física.

A P-2 de Tremembé é destinada a policiais, ex-policiais, agentes e ex-agentes penitenciários, advogados, portadores de diploma de curso superior e autores de crimes de grande repercussão. A unidade é chamada pelos próprios presos de VIP.

Pena Júnior deu, na sexta-feira (10), prazo de 24 horas para a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) explicar os motivos da transferência. À imprensa, a pasta não fornece detalhes sobre remoção de presos, alegando razões de segurança.

Vinícius foi preso em um hotel de luxo em Itacaré, na Bahia, em 2 de fevereiro. No dia 1º de março, o empresário foi trazido de avião para São Paulo e levado sob forte escolta policial para a sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), no centro da capital paulista.

Do DHPP, ele foi conduzido para a P-2 de Tremembé, onde não ficou nem 10 dias. O juiz ordenou ainda à SAP para que demonstre as medidas de segurança adotadas para resguardar a integridade física do preso e para apresentá-lo em juízo sempre que determinado.

O empresário e o agente penitenciário David Moreira da Silva, 38, capturado em Alagoas e transferido para um CDP (Centro de Detenção Provisória) na Grande São Paulo, tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Pena Júnior.

Ambos foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público de São Paulo sob a acusação de mandar matar Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, ligado à cúpula do PCC, e o motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.

Medo de ser morto

As vítimas foram mortas a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste paulistana. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022. Ele foi esquartejado a mando do PCC e teve a cabeça jogada em uma praça também no Tatuapé.

Cara Preta tinha grande influência entre a liderança do PCC. Segundo o DHPP, Vinícius desviou milhões de reais da vítima e mandou matá-la porque o golpe havia sido descoberto. Desde então, o empresário vem sofrendo ameaças de morte da organização criminosa e teme por sua vida.

Agentes penitenciários disseram à coluna, na condição de anonimato, que Vinícius foi "jogado na cova dos leões", já que o presídio para onde foi removido tem centenas de integrantes do PCC. A maioria cumpre castigo na unidade porque cometeu faltas graves no sistema prisional.

A defesa de Vinícius diz que o cliente não tem envolvimento no assassinato de Cara Preta, não desviou dinheiro de ninguém, é inocente de todas as acusações e corre sério risco na prisão, caso fique segregado em presídio com integrantes da facção criminosa.