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Django enforcado: mortes atribuídas à guerra do PCC em SP ficam sem solução
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Até o início de 2022, o traficante de drogas Cláudio Marcos de Almeida, 50, o Django, um dos maiores acionistas de uma empresa de ônibus de São Paulo, era um dos homens fortes do PCC (Primeiro Comando da Capital) nas ruas e gozava da confiança dos integrantes da cúpula da facção criminosa.
O respeito dispensado a Django pela bandidagem acabou em 23 de janeiro do ano passado, quando ele foi enforcado pelo "tribunal do crime" do PCC e teve o corpo jogado sob o viaduto da Vila Matilde, na zona leste paulistana. Era mais uma baixa na guerra interna da organização.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), unidade da Polícia Civil, investigou o crime e não conseguiu chegar aos autores. No último dia 3, a juíza Paloma Moreira de Assis Carvalho, da 4ª Vara do Júri, atendeu ao pedido do Ministério Público Estadual e mandou arquivar o caso.
Nos bastidores policiais, a suspeita é que Django foi morto porque não impediu o assassinato do comparsa Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante com muita influência no PCC, e do motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.
Ambos foram mortos em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste. Segundo o DHPP, o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach desviou milhões de Cara Preta e mandou matá-lo. O agente penitenciário David Moreira da Silva, 38, é acusado de ter planejado a ação. Ambos estão presos.
O empresário e o agente penitenciário negam envolvimento no crime, afirmam ser inocentes e que os verdadeiros autores do duplo homicídio estão soltos. Vinícius e David também dizem ter recebido ameaças do PCC e temem sofrer represálias na prisão.
As investigações do DHPP apontaram que ambos contrataram Noé Alves Schaum, 42, para matar Cara Preta. Em 16 de janeiro de 2022, Noé foi assassinado pelo "tribunal do crime" do PCC. Ele teve o corpo esquartejado. A cabeça decepada foi encontrada em uma praça no Tatuapé.
Os autores do assassinato de Noé até agora não foram identificados. Na última segunda-feira (6), um relatório da 3ª Delegacia de Homicídios Múltiplos, do DHPP, diz que "não logrou êxito na elucidação da autoria do delito ora investigado".
Mortes impunes
O DHPP também não elucidou o homicídio de Wagner Ferreira da Silva, 32, o Cabelo Duro, morto a tiros no Tatuapé em 22 de fevereiro de 2018, uma semana depois de coordenar os assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, no Ceará,
As mortes de Gegê e Paca, ambos da cúpula do PCC, deram início a uma das guerras internas mais sangrentas na facção. No mesmo dia em que Cabelo Duro foi assassinado, o parceiro dele, o ladrão de bancos José Adnaldo Moura, 39, o Nado, foi sequestrado pelo "tribunal do crime" da organização.
Nado é tido como morto pela polícia. O corpo dele até hoje não foi encontrado. Os sequestradores nunca foram identificados. As suspeitas são de que o assaltante foi arrebatado por integrantes do PCC para revelar o paradeiro de Cabelo Duro e como se recusou em dizer foi assassinado.
Outro homicídio não esclarecido pelo DHPP e ainda impune é o de Carlos Roberto Ferreira, 38, o Galo, também assaltante de bancos. Ele foi acusado de ter arrastado Cabelo Duro para a morte no Tatuapé. Galo foi morto no mesmo bairro em 23 de julho de 2018, supostamente por queima de arquivo.
A SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) informou à reportagem que os assassinatos de Django e Cabelo Duro seguem em investigação sob sigilo pelo DHPP e as demais ocorrências foram relatadas à Justiça, que responde pelos arquivamentos.
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