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'Escobar brasileiro' é entregue para a Bélgica sob forte aparato policial
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O ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Sérgio Roberto de Carvalho, 64, um dos maiores narcotraficantes do mundo, foi extraditado ontem da Hungria para a Bélgica sob forte aparato policial. A remoção dele foi gravada em vídeo por policiais europeus (veja abaixo).
Chamado na Europa de "Escobar brasileiro", em referência ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar, Major Carvalho responderá a processo na Bélgica pelo crime de tráfico internacional de drogas. O Brasil e os Estados Unidos também reivindicavam a extradição do criminoso.
A decisão de mandá-lo para a Bélgica foi tomada pela ministra da Justiça húngara, Judit Varga. As autoridades belgas acusam o major de ser o dono de 1,3 tonelada de cocaína apreendida em agosto de 2021, em um avião turco no aeroporto internacional de Fortaleza, no Brasil.
O vídeo gravado na Hungria mostra o Major Carvalho sendo retirado da cela. Policiais colocam, cinto de segurança, colete a prova de balas e capacete nele. Cercado por ao menos seis agentes armados de fuzis e metralhadoras, o "Escobar brasileiro" é levado até um furgão blindado.
O comboio, formado por homens do Comando Penitenciário Nacional e do Departamento Nacional de Investigações da Hungria e acompanhado por helicóptero, seguiu para o Aeroporto Internacional de Ferenc Liszt, onde o major foi entregue às autoridades belgas e colocado em um avião do Exército daquele país.
Major Carvalho havia sido preso em um hotel de luxo em Budapeste em junho de 2022. Ele usava bermuda, camiseta e tomava café tranquilamente quando foi abordado por policiais. O narcotraficante era procurado em vários países da Europa e também nos Emirados Árabes.
Na Espanha, ele foi acusado de ser o dono de 1,7 tonelada de cocaína avaliada em 60 milhões de euros, apreendida em uma embarcação na região espanhola da Galícia. Outras 20 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico internacional de drogas também foram processadas.
Forjou a própria morte
O "Escobar brasileiro" chegou a ser preso na Espanha com o nome falso de Paul Wouter, mas pagou uma fiança no valor de 200 mil euros. Quando soube que o Ministério Público local pediria a condenação dele a 13 anos e seis meses de prisão, o narcotraficante armou um ousado golpe.
Ele forjou a própria morte. Segundo a polícia espanhola, o conceituado médico Pedro Martin Martos, de Málaga, assinou o atestado de óbito dele. No documento ao qual a reportagem teve acesso consta que a morte ocorreu às 10h50 de 20 de agosto de 2020.
No atestado também é mencionado que a última pessoa a ter visto o major com vida foi o suposto amigo dele identificado como Francisco Jesus Pascual Montero. Há ainda informações de que o corpo do falsário Paul Wouter teria sido cremado.
Um tribunal da Espanha considerou o atestado de óbito como verdadeiro e, por isso, o processo por tráfico internacional de drogas movido contra o "Escobar brasileiro" foi extinto. A farsa foi descoberta pela Polícia Federal do Brasil. Agora, a Justiça da Espanha decidiu reabrir o caso.
Primeira prisão
O Major Carvalho foi preso pela primeira vez no Guarujá, Baixada Santista. Era 15 de novembro de 1997, feriado da Proclamação da República. Ele estava hospedado em um hotel e tomava café tranquilamente quando foi surpreendido pelo agente federal Luiz Antonio da Cruz Pinelli.
Aqui no Brasil, o "Escobar brasileiro" foi condenado em 2019 a 15 anos e três meses por usar "laranjas" em empresas de fachada para movimentar "R$ 60 milhões entre 2007 e 2008.
O ex-policial militar também foi condenado, em 2008, a 15 anos de prisão por tráfico de drogas. A carreira criminal do "Escobar brasileiro" teve início nos anos 1980, quando foi investigado e denunciado pelo crime de contrabando.
O criminoso foi visto pela última vez no Brasil em 2018. Investigações da Polícia Federal apontam que ele fugiu para Lisboa, em Portugal, usando documentos falsos. Contra ele foi expedido um mandado de prisão internacional.
Segundo a PF, a quadrilha do Major Carvalho tentou exportar quase 50 toneladas de cocaína para a Europa, via portos brasileiros, avaliadas em R$ 2,25 bilhões. No Brasil, os portos preferidos pelo bando era o de Paranaguá, no Paraná e, na Europa, os de Antuérpia, na Bélgica, e Roterdã, na Holanda.
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