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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Governo húngaro autoriza extradição do traficante 'Escobar brasileiro'

Ex-major Sergio Roberto de Carvalho - Reprodução
Ex-major Sergio Roberto de Carvalho Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

19/05/2023 13h00Atualizada em 19/05/2023 13h08

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O governo da Hungria autorizou a extradição de Sérgio Roberto de Carvalho, ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. Ele deverá ir para a Bélgica, Brasil ou Estados Unidos, onde responderá pelo crime de tráfico internacional de drogas.

A decisão foi tomada pela ministra da Justiça húngara, Judit Varga. Segundo revelou hoje o portal de notícias português Visão, o destino do Major Carvalho será a Bélgica, mas ainda não há confirmação oficial. Conhecido na Europa como "Escobar brasileiro" em alusão ao colombiano Pablo Escobar, ele é apontado como um dos maiores narcotraficantes do mundo.

As autoridades da Bélgica acusam o major de ser o responsável pelo carregamento de 1,3 tonelada de cocaína apreendida em agosto de 2021 a bordo de um avião de matrícula turca no aeroporto internacional de Fortaleza.

Major Carvalho foi preso em um hotel de luxo em Budapeste em junho de 2022. Ele usava bermuda, camiseta e tomava café tranquilamente quando foi abordado por policiais. O narcotraficante era procurado em vários países da Europa e também nos Emirados Árabes.

Na Espanha, foi acusado de ser o dono de 1,7 tonelada de cocaína avaliada em 60 milhões de euros, apreendida em uma embarcação na região da Galícia. Outras 20 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico internacional de drogas também foram processadas.

"O Escobar brasileiro" chegou a ser preso com o nome falso de Paul Wouter, mas pagou uma fiança no valor de 200 mil euros. Quando soube que o Ministério Público local pediria a condenação dele a 13 anos e seis meses de prisão, o narcotraficante armou um ousado golpe.

 Sérgio Roberto de Carvalho, 63, conhecido como "Escobar Brasileiro", em audiência de custódia na Hungria - Reprodução - Reprodução
Sérgio Roberto de Carvalho, o Escobar Brasileiro, em audiência de custódia na Hungria
Imagem: Reprodução

Forjou a morte

Ele forjou a própria morte. Segundo a polícia espanhola, o conceituado médico de Málaga, Pedro Martin Martos, assinou o atestado de óbito dele. No documento ao qual a reportagem teve acesso consta que a morte ocorreu às 10h50 de 20 de agosto de 2020.

No atestado também é mencionado que a última pessoa a ter visto o major com vida foi o suposto amigo dele identificado como Francisco Jesus Pascual Montero. Há ainda informações de que o corpo do falsário Paul Wouter teria sido cremado.

Um tribunal da Espanha considerou o atestado de óbito como verdadeiro e, por isso, o processo por tráfico internacional de drogas movido contra o "Escobar brasileiro" foi extinto. A farsa foi descoberta pela Polícia Federal do Brasil. Agora, a Justiça da Espanha decidiu reabrir o caso.

No Brasil, o Major Carvalho foi preso pela primeira vez no Guarujá, Baixada Santista. Era 15 de novembro de 1997, feriado da Proclamação da República. Ele estava hospedado em um hotel e foi surpreendido pelo agente federal Luiz Antonio da Cruz Pinelli.

O "Escobar brasileiro" foi condenado em 2019 a 15 anos e três meses por usar "laranjas" em empresas de fachada para movimentar "R$ 60 milhões entre 2007 e 2008.

O ex-policial militar também foi condenado, em 2008, a 15 anos de prisão por tráfico de drogas.

A carreira criminal dele teve início nos anos 1980, quando foi investigado e denunciado pelo crime de contrabando.

O criminoso foi visto pela última vez no Brasil em 2018. Investigações da Polícia Federal apontam que ele fugiu para Lisboa, em Portugal, usando documentos falsos. Contra ele foi expedido um mandado de prisão internacional.

Segundo a PF, a quadrilha do Major Carvalho tentou exportar quase 50 toneladas de cocaína para a Europa, via portos brasileiros, avaliadas em R$ 2,25 bilhões. No Brasil, os portos preferidos pelo bando era o de Paranaguá, no Paraná e, na Europa, os de Antuérpia, na Bélgica, e Roterdã, na Holanda.