Como a Rota prendeu suspeito de planejar atentados do PCC em Brasília
Uma viatura da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar do estado de São Paulo, fazia patrulhamento preventivo no bairro da Bela Vista, região central da capital paulista, na tarde de 18 de outubro deste ano. Era uma quarta-feira.
Segundo versão dos policiais militares, a guarnição recebeu denúncia sobre um homem foragido da Justiça, ocupando uma picape Ford Ranger prata. Não demorou muito e a equipe avistou o suspeito a bordo do veículo na avenida 23 de Maio, altura do número 2000.
Os PMs fizeram a abordagem e nada de ilícito encontraram com o ocupante da picape. O motorista, no entanto, estava com uma Carteira Nacional de Habilitação falsificada. Ele acabou revelando o nome verdadeiro: Sandro dos Santos Olímpio, 40. E confessou ser fugitivo.
Na realidade, Sandro, conhecido como Cisão, era monitorado por policiais militares e penais e também por agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente, subordinado ao Ministério Público do Estado de São Paulo.
Segundo as investigações, Cisão é ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e substituiu Janeferson Aparecido Mariano Gomes, 48, o Nefo, na chamada "célula restrita" da facção criminosa, responsável pelo planejamento de atentados contra autoridades e agentes públicos.
Nefo foi preso em 22 de março deste ano no estado de São Paulo. Ele está recolhido na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) e é acusado de planejar, com outros comparsas da organização, atentado contra o senador Sérgio Moro (União Brasil) e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya.
Foi monitorando Nefo na prisão que o serviço de inteligência da SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) chegou à identificação de Cisão. Ainda segundo as autoridades, além de planejar atentado contra Sérgio Moro, a "célula restrita" tinha outra missão em Brasília.
Relatórios do MP-SP e da Polícia Federal, aos quais a coluna teve acesso, apontam que o PCC pesquisou endereços do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). As suspeitas são de que ambos seriam alvos de ataques da facção.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Janeferson e de Sandro. O espaço continua aberto para manifestações.
Saidinha temporária
Segundo documento do Gaeco de Presidente Prudente, Cisão foi preso em 14 de agosto de 2003 em Jandira (SP), por homicídio, e acabou condenado a 14 anos. Em 4 de janeiro de 2008, ele deixou a Penitenciária 2 de Lavínia, beneficiado por habeas corpus.
Em 14 de março de 2010 voltou a ser preso sob a acusação de ter feito escolta armada de um ônibus com familiares de prisioneiros da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Em 15 de outubro do mesmo ano saiu da Penitenciária de Mirandópolis, dessa vez por absolvição criminal.
No dia 29 de dezembro de 2015, o criminoso foi detido em Praia Grande, na Baixada Santista. Ele estava em um veículo e foi flagrado com uma pistola Glock calibre 380, drogas e documento falso. Cisão à época - diz o Gaeco - atuava em outra célula do PCC.
O criminoso ficou preso até 2 de janeiro de 2020, quando foi beneficiado com a saída temporária de Natal e Ano Novo. Cisão saiu pela porta da frente do CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Valparaíso e não voltou. Atualmente se encontra na P2 de Venceslau. Está mais perto de Nefo.
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