Josmar Jozino

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Reportagem

Sócio de Marcola é trocado de cela e fica na 'cova dos leões' em Brasília

O narcotraficante Gilberto Aparecido dos Santos, 53, o Fuminho, foi mudado de ala na Penitenciária Federal de Brasília e agora tem de tomar banho de sol com os novos rivais de seu sócio e braço direito Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, número 1 do PCC (Primeiro Comando da Capital).

A reportagem apurou que Fuminho foi trocado de cela e colocado na mesma ala (vivência) de Roberto Soriano, 50, o Tiriça; Abel Pacheco de Andrade, 49, o Vida Loka; e Wanderson Nilton de Paula Lima, 45, o Andinho. Os três chamaram Marcola de delator e acabaram expulsos do PCC.

A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) alega que não comenta a rotina dos presos em penitenciárias federais por razões de segurança, embora admita que as mudanças dos prisioneiros de uma ala para outra são estratégias para evitar que eles criem qualquer tipo de vínculo.

Fontes do sistema prisional disseram à reportagem, na condição de anonimato, que mudar o narcotraficante Fuminho de ala e deixá-lo na mesma vivência que Tiriça, Vida Loka e Andinho foi o mesmo que colocá-lo na "cova dos leões".

Marcola chamou Tiriça de psicopata durante conversa com um funcionário quando esteve preso na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). O diálogo foi gravado e o áudio acabou usado no júri que condenou Tiriça a 31 anos e meio de prisão pela morte da psicóloga Melissa de Almeida Araújo.

A vítima trabalhava na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e foi assassinada a tiros em maio de 2017 em Cascavel, no Paraná. Tiriça foi condenado sob a acusação de ser o mandante do crime. O vazamento do áudio no júri gerou um dos maiores rachas da história do PCC.

Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado São Paulo), Vida Loka e Andinho foram solidários a Tiriça. Os três, no início de fevereiro, até então integrantes da cúpula do PCC, decidiram excluir Marcola da organização criminosa.

Marcola contou com o apoio da "sintonia final", a cúpula da facção, que em contrapartida divulgou comunicado informando que ele não havia feito nada de errado e anunciando que os três rivais estavam excluídos do grupo e condenados à morte.

Dias de tensão

Nos bastidores do sistema prisional, os comentários são de que Fuminho terá dias de tensão na mesma ala dos três rivais de Marcola. O narcotraficante chegou a ser acusado de ter planejado os assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.

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A dupla era muito amiga de Tiriça, Vida Loka e Andinho e foi morta a tiros em fevereiro de 2018 na região metropolitana de Fortaleza. O Ministério Público e a Polícia Civil cearenses acusaram Fuminho de ser o mandante dos homicídios.

No final do mês passado, a Justiça do Ceará decidiu não levar Fuminho a júri pelo duplo homicídio. Um colegiado de juízes entendeu que não havia provas contra ele no processo. Gegê e Paca eram da "sintonia final" do PCC e foram mortos sob a acusação de desvio de dinheiro da facção.

No pátio do banho de sol, Fuminho terá de dar explicações sobre esse episódio aos rivais de Marcola. Na Penitenciária Federal de Brasília, os presos são monitorados o tempo todo. As conversas são sempre gravadas e os prisioneiros filmados quando permanecem fora das celas.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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