Josmar Jozino

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Reportagem

PMs da Rota eram seguranças da diretoria da Transwolff envolvida com o PCC

Luiz Carlos Efigênio Pacheco, 54, o Pandora, dono da Transwollf, preso sob suspeita de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital), contratou PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) para fazer escolta para ele e outros diretores - incluindo familiares - da empresa de ônibus.

Segundo a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), a Corregedoria da PM investiga se houve ou não a participação de policiais militares em atividades de segurança privada na empresa. De acordo com a pasta, se for comprovada irregularidade, os profissionais serão punidos.

A reportagem apurou que os PMs fizeram segurança privada para a Transwolff no segundo semestre de 2020. Mas, um ano antes da contratação dos serviços, os diretores já eram investigados pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) por suspeita de organização criminosa.

Em novembro de 2020, a Transwolff emitiu para uma empresa de segurança sediada em Santana, zona norte da capital, e ligada a um então capitão da Rota, uma nota fiscal no valor de R$ 20.006,70 pelos serviços prestados à diretoria da companhia de ônibus.

O MP-SP apurou que um sargento da Rota chegou a receber R$ 4.000,00; outro sargento da tropa de elite da corporação ganhou R$ 2.000,00 e um cabo ficou com R$ 6.000,00. A Transwolff também pagou R$ 3.725,00 para um policial militar e mais R$ 275,00 para outro PM.

Em 18 de setembro de 2020, quatro dias depois da deflagração da Operação Sharks, desencadeada pelo MP-SP contra 20 integrantes do PCC acusados por lavagem de dinheiro, um dos sargentos da Rota foi alertado por superiores que era perigoso trabalhar para a Transwolff.

A advertência foi feita porque um dos acusados na Operação Sharks era Gilberto Flares Lopes Pontes, o Tobé, justamente irmão de Robson Flares Lopes Pontes, um dos diretores da Transwolff, que saiu da empresa há um ano e quatro meses.

Tobé e os outros 19 comparsas denunciados na Operação Sharks foram acusados pelo MP-SP de movimentar R$ 1 bilhão do PCC, provenientes do tráfico de drogas, no período de janeiro de 2018 a julho de 2019. Tobé foi morto pelo tribunal do crime da facção em agosto de 2021.

Velhos conhecidos da tropa

Os dois irmãos, no entanto, eram conhecidos da Rota desde a década passada. Em outubro de 2013, ambos foram presos por PMs da viatura 91433 em um apartamento em Osasco, na Grande São Paulo, após uma denúncia anônima.

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Segundo os policiais militares, Tobé portava documento falso. Com os irmãos foram apreendidos um tijolo de maconha, R$ 3 mil, uma pistola Glock, munição e contabilidade do tráfico do PCC. O dinheiro e a droga estavam escondidos na Kombi de uma cooperativa de ônibus.

No dia 9 de abril deste ano, a Transwolff, que opera na zona sul paulistana, foi alvo da Operação Fim da Linha, deflagrada pelo MP-SP com a o apoio de PMs da Rota. Três dirigentes da empresa acabaram presos por policiais "rotarianos". Um deles é o próprio Pandora. Robson Flares Lopes Pontes também foi detido.

Os três presos e outras sete pessoas ligadas a Transwolff — três sócios, um ex-sócio, um contador e dois advogados — foram denunciados à Justiça pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) por apropriação indébita, extorsão e lavagem de dinheiro.

Segundo a denúncia, em janeiro de 2019, os investigados ocultaram por meio de outra empresa o aporte de R$ 54 milhões sob a forma de integralização do capital da Transwolff. O MP-SP sustenta que os valores foram provenientes do tráfico de drogas do PCC.

Já a Transwolff diz que a integralização foi feita através de empréstimos bancários para a aquisição de ônibus e ampliação da frota e também que todos os contratos têm notas fiscais.

Outro lado

Pandora foi transferido para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). A unidade abriga narcotraficantes e assaltantes de bancos dos grupos "novo cangaço" e "domínios de cidade", ligados ao PCC, e é considerada um dos maiores redutos da facção criminosa no sistema prisional paulista.

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Roberto Vasco Teixeira Leite, advogado de Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, informou por meio de nota que "a tese do MP-SP de que seu cliente é integrante do crime organizado por si só já cai por água abaixo, porque uma tropa de elite jamais se submeteria a fazer segurança para essas pessoas".

A nota enviada pelo defensor de Pandora, sócio da Transwolff, diz também que "é mais uma desconstituição do que está sendo arguido pelo Ministério Público". Roberto Vasco ressaltou que "Pandora nunca fez nem fará parte do PCC; a prisão dele é indevida e o lugar para onde foi removido mostra que ele é uma vítima política".

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Robson Flares Lopes Pontes, nem com os policiais militares contratados como seguranças dos diretores da Transwolff. O espaço continua aberto para manifestações e o texto será atualizado se houver um posicionamento.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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