Tenente envolvido na morte de delator do PCC frequentava a casa da vítima

O tenente Fernando Genauro da Silva, 33, do 23º Batalhão (Pinheiros), preso neste sábado (18) por envolvimento no assassinato do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, 38, no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) em novembro passado, era amigo e frequentava a casa da vítima.
Pessoas próximas a Gritzbach contaram que Genauro foi diversas vezes no apartamento da vítima, no Jardim Anália Franco, zona leste de São Paulo, e era até considerado amigo da família. O oficial foi apresentado ao empresário pelo tenente Giovanni de Oliveira Garcia.
Giovanni foi preso na última quinta-feira pela Corregedoria da Polícia Militar com outros 13 PMs, todos acusados de fazer escolta para Gritzbach. Era ele quem recrutava os colegas de farda para cuidar da segurança pessoal do empresário.
Gritzbach tinha Genauro como amigo de confiança. Ele emprestava carros de luxo para o oficial fazer bico (trabalho extra fora da corporação). Um dos veículos cedidos foi o mesmo Amarok usado pelos PMs da escolta, que teria quebrado perto do aeroporto momentos antes do assassinato.
Certo dia, o empresário encontrou um rastreador no Amarok emprestado a Genauro. Com a prisão do tenente agora, as pessoas próximas a Gritzbach acreditam que foi o oficial quem colocou o equipamento no veículo para monitorar a vítima.
As mesmas fontes disseram à reportagem que Genauro traiu não só a família de Gritzbach, mas também o tenente Giovanni, que o apresentou ao empresário. "É lamentável. Ele gozava da confiança de todos e com certeza se vendeu ao PCC (Primeiro Comando da Capital)", disse uma das fontes.
Segundo a Corregedoria da Polícia Militar, Genauro e Giovanni, além de amigos, eram da mesma turma do CFO (Curso de Formações de Oficiais). Além disso, antes de serem presos, ambos trabalhavam juntos no 23º Batalhão. Eles agora vão se encontrar no Presídio Militar Romão Gomes.
Consórcio matou delator
Com a prisão de Genauro subiu para 16 o número de policiais militares investigados por suspeita de envolvimento no assassinato de Gritzbach. Na última quinta-feira (16), a Corregedoria da Polícia Militar prendeu o cabo Dênis Antônio Martins, 40.
O cabo é acusado de ter matado a vítima com tiros de fuzis. Ele é amigo pessoal do tenente Genauro. Ambos trabalharam na mesma equipe da Força Tática do 42º Batalhão, em Osasco, na Grande São Paulo. O oficial é apontado como o motorista do Gol preto que deu fuga aos assassinos.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) prendeu Genauro na manhã de hoje no Jardim Umuarama, em Osasco. O tenente teve a prisão temporária de 30 dias decretada por um juiz da Vara do Júri de Guarulhos.
A delegada Ivalda Aleixo, do DHPP, disse que Gritzbach foi assassinado por um consórcio formado por PMs e integrantes do PCC. O empresário Ademir Pereira de Andrade, delatado pela vítima e preso em 17 de dezembro do ano passado, é apontado como um dos mandantes do crime. Ele nega.
Outro suspeito é o traficante de drogas Emílio Carlos Gongorra Castilho, o Bill, também conhecido como Cigarreiro. Ele é investigado pela polícia, mas não há nenhum mandado de prisão contra ele.
No mês passado, a Corregedoria da Polícia Militar foi a uma penitenciária do interior para ouvir um preso do alto escalão do PCC no inquérito que apura o envolvimento de PMs da Rota e da escola de Gritzbach com narcotraficantes do Primeiro Comando da Capital.
A missão da Corregedoria fracassou. O preso não quis dar declarações, ficou mudo e também se recusou a assinar documentos, como informou esta coluna neste sábado.
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