Caso Gritzbach: atuação da Rota provoca briga em força-tarefa das polícias
![18.fev.2024 - Entrevista de Antônio Vinicius Gritzbach para o Domingo Espetacular, da TV Record 18.fev.2024 - Entrevista de Antônio Vinicius Gritzbach para o Domingo Espetacular, da TV Record](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/45/2024/11/09/18fev2024---entrevista-de-antonio-vinicius-gritzbach-para-o-domingo-espetacular-da-tv-record-1731158323731_v2_450x600.png)
Um pedido de apoio à Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) para uma ação relacionada ao caso Vinícius Gritzbach provocou uma briga entre dois "cardeais" da Polícia Civil de São Paulo na última sexta-feira (6).
Em evento na academia da corporação, houve troca de insultos e xingamentos entre um policial do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), e uma policial do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). O episódio causou constrangimento aos presentes.
Tanto o Deic quando o DHPP fazem parte da parte da força-tarefa que investiga o assassinato de Gritzbach —delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) morto com dez tiros de fuzil no aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro. O Deic, especializado em crime organizado, passou a fazer parte do grupo na última semana.
Como foi a briga
Segundo apurou a reportagem, o policial questionou a colega por qual motivo ela pediu o apoio da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da Polícia Militar, para checar uma denúncia no endereço de um suspeito de envolvimento no assassinato de Gritzbach, na zona leste.
Para o agente do Deic, a checagem da suposta denúncia deveria ser feita por policiais civis e não por policiais militares, cuja incumbência é realizar o patrulhamento ostensivo, e não realizar investigação, atribuição essa, no entendimento dele, da Polícia Judiciária.
A tensão entre os policiais do Deic e do DHPP aumentou ainda mais após a chegada dos PMs da Rota na sede do departamento de homicídios, conduzindo presos Marcos Henrique Soares Brito, 23, e o tio dele, Allan Soares Pereira, 44.
Nos bastidores do DHPP a conversa era de que a Rota tinha feito lambança e prendido pessoas erradas. A denúncia a ser checada envolvia Matheus Soares de Brito, 19, irmão de Marcos. Agentes contaram que a policial ficou muito nervosa com a confusão feita pelos PMs.
Na sede do DHPP, os militares disseram que apreenderam munição de fuzil no Ford Fiesta de Allan e também na moto de Marcos. O rapaz não estava no endereço e foi contatado pelo tio e orientado, a pedido do PMs, a retornar à casa para conversar com os agentes da Rota.
Quando os PMs mostraram para Allan um saco com munição no carro dele, ele afirmou que o material não estava no veículo. A família disse que os PMs "intrujaram os projéteis". Marcos recebeu voz de prisão. E contou que os PMs lhe comunicaram que o levariam até uma delegacia da área.
"Prisão ilegal"
Porém, segundo Marcos, os militares pararam na avenida Assis Ribeiro e ficaram 20 minutos inspecionando a moto dele. Só depois seguiram para o DHPP. O rapaz alegou que soube da munição encontrada na moto dele na sede do departamento e também negou ser o dono do material.
No final da manhã de sábado, durante audiência de custódia, a juíza Juliana Petelli da Guia mandou soltar Marcos e Allan. A magistrada observou que "nada veio aos autos de prisão em flagrante para confirmar a versão dos policiais militares".
A juíza mencionou na decisão que não há elementos para comprovar a situação do flagrante, de modo a reconhecer a ilegalidade do ato. Tio e sobrinho foram soltos. Já Matheus Soares Brito, 19, foi preso na madrugada de sábado, também por PMs, e teve a prisão temporária de 30 dias decretada.
O DHPP o acusa de integrar o PCC e de ter dado fuga até o Rio de Janeiro a Kauê do Amaral Coelho, 13, apontado como o olheiro que estava no aeroporto de Guarulhos e que avisou aos assassinos de Gritzbach o exato momento em que a vítima deixava e o terminal 2. Matheus nega tudo.
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