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Reprovação de Bolsonaro no Nordeste atinge 61% em meio à inflação da comida
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A cesta básica de alimentos aumentou, em novembro, em nove das 17 cidades avaliadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Todas as capitais da região Nordeste avaliadas mensalmente pelo instituto estão na lista: Recife (8,13%), Salvador (3,76%), João Pessoa (3,62%), Natal (3,25%), Fortaleza (2,91%) e Aracaju (1,96%). Em Recife, o pó de café disparou 23,63%.
Completam a lista de altas nos preços dos alimentos Belém (2,27%), Florianópolis (1,40%) e Goiânia (1,33%), mostrando que o aumento no Nordeste foi mais vigoroso.
A região é a que entrega os piores índices para Jair Bolsonaro (PL). Enquanto a avaliação negativa do governo caiu nacionalmente de 56% para 50%, entre novembro e dezembro, de acordo com pesquisa Quaest, muito por conta do avanço da vacinação e a consequente retomada da economia, no Nordeste, ela oscilou de 60% para 61%.
Enquanto isso, a sua avaliação positiva foi de 16% para 14%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.
De acordo com os entrevistados, 70% consideram negativa a forma com a qual o presidente vem combatendo a inflação. A alta dos combustíveis, do gás de cozinha, da energia elétrica e dos alimentos tornaram-se um martírio para as famílias de baixa renda, que têm enfrentado inflação mais alta que a dos mais ricos.
Somente neste ano, o custo da cesta básica subiu 13,58% em Natal, 11,79% em Recife, 7,1% em João Pessoa, 8,49% em Fortaleza, 5,61% em Salvador e 4,44% em Aracaju, segundo o Dieese.
Enquanto a inflação dos alimentos sobe, a renda média do trabalho cai, diminuindo o poder de compra e gerando fome. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de domicílio (PNAD) Contínua, do IBGE, o rendimento dos ocupados foi estimado em R$ 2459 no terceiro trimestre do ano frente a R$ 2766 há um ano - uma queda de 11,1%, a maior desde que esse acompanhamento começou a ser feito em 2012.
O Congresso Nacional promulgou, nesta quarta, a primeira fatia da PEC dos Precatórios, liberando R$ 62 bilhões para o governo bancar o Auxílio Brasil de R$ 400 no ano eleitoral. Bolsonaro conta com a distribuição desses recursos para melhorar a sua popularidade junto à parcela mais pobre da população, incluindo periferias de grandes cidades e o interior do Nordeste. O presidente, que converteu o Bolsa Família no Auxílio Brasil, tem, sido acusado de instrumentalizar a fome a fim de garantir votos em outubro de 2022.
Após ser desmembrada em um acordo costurado entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a primeira fatia gerou receita para o orçamento federal baseado em uma mudança no cálculo do teto de gastos públicos. Já a segunda, que trata do adiamento do pagamento de dívidas públicas, será novamente analisada pela Câmara após mudanças no Senado e pode garantir mais R$ 48 bilhões.
Senadores criticam o acordo, afirmando que ficou de fora um mecanismo que eles haviam criado para garantir que os recursos fossem destinados exclusivamente para gastos sociais e previdenciários. Sem ele, temem que bilhões acabem irrigando a campanha eleitoral do presidente, de deputados e senadores no momento em que a fome avança no país.