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Com vídeos, Bolsonaro parte em desespero ao ataque a 16 dias do 1º turno
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Quando um técnico vê seu time perdendo por 12 gols e não consegue reduzir a diferença, o desespero pode levá-lo a escalar um pacote de atacantes - correndo o risco, a partir daí, de tomar um contragolpe. É o que parece ter acontecido com a campanha de Jair Bolsonaro, nesta quinta (15).
Enquanto o Datafolha divulgava que o presidente está a 12 pontos de Lula, mesmo com a liberação de bilhões, a onipresença da primeira-dama, a ajuda de púlpitos amigo e os megacomícios com grana pública, vídeos começaram a serem bombados nas redes para convencer que o petista não é inocente, apesar de ele não dever nada à Justiça.
Bombados é eufemismo: o que ocorre é uma distribuição em larga escala nas redes e aplicativos de mensagens de tamanho considerado anormal até para a estrutura bolsonarista, com a participação de aliados e membros da campanha.
Ironicamente, isso ocorre apesar de o presidente afirmar que não acredita em pesquisas como o Datafolha e o Ipec.
Poucas histórias foram tão contadas quanto a jornada de queda e retorno de Lula, das primeiras denúncias do processo do chamado petrolão, passando por sua condenação e prisão até a anulação dos julgamentos, com farta quantidade de evidências de que a Lava Jato atropelou a lei para coloca-lo atrás das grades.
Mesmo assim, o petista nunca deixou de ser chamado de bandido por seus detratores e material contra ele já vinha sendo distribuído fartamente desde a pré-campanha. O diferencial é que, agora, isso ganhou centralidade nos esforços presidenciais a 16 dias do primeiro turno.
Nas palavras de um membro da campanha de Lula à coluna, jogaram fora os manuais do marketing e partiram para o kamikaze.
Para ganhar a eleição, Bolsonaro precisa baixar sua própria rejeição (53%, segundo o Datafolha) e aumentar a de Lula (38%). Até agora, não conseguiu nenhuma das duas. Pelo contrário: há uma semana, os números eram 51% e 39%, respectivamente.
Neste momento, o presidente está partindo para o tudo ou nada a fim de assegurar o segundo turno e ganhar tempo para que suas medidas econômicas e sua máquina de ataques façam efeito.
A vantagem de Lula sobre Bolsonaro entre quem ganha menos de dois salários mínimos foi de 32 pontos, em 18 de agosto, para 25 pontos, nesta quinta. Mesmo com o pagamento dos R$ 600, é uma redução em marcha lenta porque os preços seguem nas alturas.
Mas, com o ataque, sua campanha reduz a proporção da parte propositiva, ou seja, do porquê os brasileiros deveriam votar nele. E ignora que sua boca grande, usada para mobilizar a massa de seguidores, também afugenta os indecisos, com machismo e intolerância. Isso sem contar a violência de seus fãs, que já matou dois petistas após brigas políticas nos últimos dois meses.
Como a campanha de Lula também explora os escândalos de corrupção relacionados à família de Bolsonaro (como os 51 imóveis comprados usando dinheiro vivo) e ao seu governo (a exemplo dos pastores que cobravam propina em ouro para dar acesso ao Ministério da Educação), há a chance de que, ao final, um anule o outro.
O desespero de produzir um vídeo para ressuscitar um fato conhecido apresentando-o como novo mostra que as alternativas convencionais estão se esgotando. O que reforça também que daqui até 2 de outubro, a posição do vereador Carlos Bolsonaro, que cuida das redes do pai, deve ganhar força.