Leonardo Sakamoto

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Opinião

'Mercadores da morte' já espalham desinformação sobre queda do avião em SP

Nem bem a queda do ATR-72 da VoePass, em Vinhedo (SP), com seus 61 mortos, havia sido confirmada e uma chuva de boatos e desinformação circulava pelas redes sociais. Em situações de grandes tragédias e catástrofes, é esperado algum nível de confusão nos primeiros momentos dada a quantidade de lacunas de informação — que acabam preenchidas pelo achismo e a imaginação. Mas o que rolou nas redes foi baixaria.

Não vou reproduzir esses conteúdos aqui para não alimentar os pombos.

Para além da tentativa esdrúxula de responsabilizar os governadores Ratinho Jr (Paraná) e Tarcísio de Freitas (São Paulo) ou o presidente Lula pelo acidente ou por uma falta de resposta dos serviços de emergência, quando nada apontava para isso, postagens vinculavam o acidente a outros voos, de outras companhias aéreas, partindo de outras cidades.. O ATR-72 saiu de Cascavel com direção a Guarulhos. Qualquer morsa com cãibra que entrasse em um site de notícias veria isso imediatamente. Imagine o desespero de uma família que lê que o voo em que seu ente querido estava caiu, quando na verdade, isso não aconteceu.

Isso considerando apenas o pessoal irresponsável e compartilha qualquer boato que recebe sem checar, os idiotas que desejam ver o circo pegar fogo e, claro, a turminha formada em Engenharia Aeronáutica pela Universidade do WhatsApp — escola que também diplomou muita gente em Epidemiologia durante a pandemia de covid-19 e em Relações Internacionais, na recente crise na Venezuela. Esse pessoal se informa apenas por conteúdo duvidoso que recebe no app e acha que manja mais do que especialistas.

Mas também há os "mercadores da morte", que se aproveitam da tragédia para tirar um cascalho, bombando abjetos conteúdos sensacionalistas que desrespeitam a dignidade humana, como imagens das vítimas, para ganhar cliques e, assim, monetização. Ou criando conspirações absurdas sobre o acidente sem base nos fatos também para fazer dinheiro em cima do sofrimento alheio.

Diante de uma tragédia, pense duas vezes antes de passar para frente algo que você não tem certeza se é fato comprovado ou qualquer conteúdo que desrespeita a dignidade das vítimas sem. O desserviço à humanidade não vale a boa, mas efêmera sensação trazida pela chuva de likes.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL