Leonardo Sakamoto

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Opinião

Equipe de Marçal derrama sangue no debate, e SP tem vislumbre do seu futuro

Estancado nas pesquisas, Pablo Marçal (PRTB) precisava causar no debate realizado pelo podcast Flow, nesta segunda (23), para melhorar o engajamento nas redes, uma vez que suas propostas para a cidade não empolgam muita gente. Além de ser expulso no final do evento por violar as regras, um membro de sua equipe tirou sangue do marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB). Antes que perguntem, não, não foi nenhum dos nomes de seu partido acusados de promiscuidade com o PCC.

Presentes no debate afirmam que o marqueteiro Duda Lima tentou impedir Nahuel Medina, sócio e cinegrafista do influenciador, de gravar as cenas do teatrinho montado por Marçal ao final do debate, em que cavou a expulsão. O próprio ex-coach já confessou que vai aos debates só para produzir esse tipo de conteúdo. O membro da equipe de Nunes foi agredido na cabeça, e sangue escorreu.

Se é assim na campanha, imagina que tipo de gente Marçal levará à prefeitura.

A preocupação é ainda maior por causa das relações de pessoas do seu entorno com o Primeiro Comando da Capital. O presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, foi gravado afirmando ser íntimo da facção e já ter ajudado a soltar um dos seus chefes. Já Tarcísio Escobar, ex-presidente estadual do PRTB, e Júlio Cesar Pereira, seu sócio, são acusados de trocar carros de luxo por cocaína para o PCC.

Depois do ocorrido, Marçal entrou ao vivo em suas redes para algo que já mostrou que faz bem: vitimizar-se e tentar culpar os adversários, o mediador Carlos Tramontina, o mundo que estaria contra ele por não ter o mindset correto. Não encenou sofrimento em um vídeo mal feito em uma ambulância, mas rolou um choro de baixa credibilidade.

Novamente quem perdeu, de verdade, fomos todos nós. Não há lei que obrigue Marçal a ser convidado para um debate, pois seu partido não conta com cinco parlamentares no Congresso. Mesmo assim, veículos insistem em chamá-lo, como se isso ajudasse no crescimento da democracia.

Isso é equivalente a convidar repetidas vezes um pombo para jogar xadrez: ele vai pousar, derrubar as peças, defecar no tabuleiro e ainda voar contando vantagem. Os piores momentos desta eleição envolveram Marçal: sua acusação de que Tabata foi responsável pela morte do pai, de que Boulos usa cocaína, de que Datena é estuprador (e a cadeirada na sequência), o seu sofrimento fake na ambulância e agora sangue arrancado do marqueteiro de Nunes. Tudo para causar e ser visto.

Repito o que disse após o início dos debates: a imprensa, talvez na melhor das intenções, está ajudando a dar palanque a alguém que quer esquartejar a democracia. E usar os pedacinhos para monetizar cortes de vídeo nas redes.

Com o sangue escorrendo da cabeça do marqueteiro de Ricardo Nunes após agressão da equipe de Pablo Marçal, o coach enterra o discurso vitimista que abraçou desde a cadeirada de José Luís Datena (PSDB). Agora, a violência de sua campanha passa a ser física, com as pessoas que ele promete levar para o centro do poder. Dessa forma, São Paulo teve, na noite desta segunda, um vislumbre do que podem ser os seus próximos quatro anos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL