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Madeleine Lacsko

OPINIÃO

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Twitter de Lula foi invadido por Ricardo Salles, ironizam internautas

Então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles posa diante de madeira apreendida no Pará - Reprodução/Twitter
Então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles posa diante de madeira apreendida no Pará Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista do UOL

22/05/2023 16h31

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Estamos diante de um "Vale a pena ver de novo" entre Marina Silva e Lula? Só o tempo dirá. O embate sobre a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas começa, cada vez mais, a lembrar o episódio que levou à demissão da ministra do Meio Ambiente de Lula em 2008.

Marina Silva entrou com Lula no governo em 2003. Durante cinco anos, quatro meses e doze dias acumulou divergências com a base do governo. Tinha, no entanto, o apoio do presidente Lula para tomar suas decisões.

Não era algo certo, mas ia aos trancos e barrancos. No início do segundo mandato, pressionada para acelerar liberação das obras do PAC, colocou o cargo à disposição. As coisas se acomodaram por um tempo, o embate com Dilma Rousseff voltaria adiante. Mas chegou um ponto em que, depois de anos, a ministra viu que o apoio realmente se esvaiu. Marina Silva fez uma carta em que pedia a denúncia de forma "irrevogável".

Marina Silva seguiu voo solo e foi tão alto que ameaçou os planos de reeleição de Dilma Rousseff. Na primeira tentativa, ficou em terceiro lugar. Decidiu ser vice de Eduardo Campos na eleição seguinte. A tragédia se abateu sobre a eleição e Marina Silva virou candidata com sérias chances de ganhar.

A campanha de Dilma Rousseff resolveu lançar um assassinato de reputação baseado em fake news e desinformação. Muita gente confunde isso com os ataques de milícias virtuais. Era muito pior. Não eram perfis anônimos falando absurdos, o que já causa danos reais.

O PT chegou a fazer programas de TV dramatizados mostrando que, com a eleição de Marina, os pratos dos brasileiros ficariam vazios. Dilma Rousseff chegou a inferir, de forma maliciosa, que o Bolsa Família acabaria. Políticos de primeiro time espalhavam histórias mentirosas sobre o marido de Marina.

Diante da escolha entre Bolsonaro e Lula, Marina Silva resolveu deixar isso no passado. Em setembro do ano passado, ainda no primeiro turno, o apoio foi anunciado. Golaço de Lula.

A forma como isso foi feito abriu a porteira para esculachar Marina Silva. Escrevi sobre isso em setembro do ano passado e muitas paquitas de político xingaram. Na convivência humana, existe uma regra de ouro: injustiça pública só se corrige com retratação pública.

Nossa ministra do meio ambiente foi elogiada por ter calado, aceitado desculpas em privado - se é que aconteceram - por um assassinato de reputação em público. Quem confunde ausência de conflito com presença de justiça gosta quando o injustiçado cala a boca e para de incomodar o injusto.

O que acontece com Marina Silva agora é mais sutil, porém mais desrespeitoso e mais rápido do que o tratamento nos dois primeiros mandatos de Lula. O impasse agora é sobre a exploração de petróleo pela Petrobras na foz do Rio Amazonas. O Ibama vetou.

Randolfe Rodrigues que, pelas mãos de Marina, fez-se líder do atual governo no Congresso, não esperou um dia para sair da Rede. Ele é do Amapá, Estado que tem interesse econômico na questão.

Ato contínuo, a conta oficial do presidente Lula no Twitter publica o seguinte: "Na Amazônia moram 28 milhões de pessoas. E essas pessoas têm o direito de trabalhar, comer. Por isso, precisamos ter o direito de explorar a diversidade da Amazônia, para gerar empregos limpos, para que a Amazônia e a humanidade possam sobreviver".

Os internautas não perderam tempo, saíram ironizando, dizendo que o Twitter de Lula havia sido invadido por Ricardo Salles, deputado e ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro.

A posição está colocada sobre a questão e fica evidente a possibilidade de desautorizar publicamente a ministra do Meio Ambiente. Parece um remake do ocorrido na primeira era Lula, resta saber se o final será mantido ou reescrito.