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Vaias são mais significativas para Lula que queda na aprovação
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Pesquisa do Ipec acaba de mostrar que a aprovação do governo Lula caiu dois pontos e a desaprovação subiu dois pontos entre abril e agora. A oscilação dentro da margem de erro é menos preocupante para o presidente do que os episódios de vaias e descontentamento público de quem apoiou a candidatura.
A aprovação do governo está muito próxima da que Jair Bolsonaro tinha em junho de 2019, de 32%. A recordista de aprovação nesse período é Dilma Rousseff em seu segundo governo, que chegou a 48%. Aprovação governamental é importante mas é importante salientar a diferença entre a fotografia do momento e uma eventual profecia sobre o futuro de um governo.
A nova pesquisa mostra principalmente que medidas importantes relativas ao preço dos combustíveis, arcabouço fiscal e ressurgimento de programas sociais não tiveram impacto sobre a aprovação. Seria razoável que trouxessem mais aprovação e menos desaprovação.
Lula tem o desafio de competir com ele próprio nos dois primeiros mandatos. Naquela época, embora o PT insistisse na "herança maldita", recebeu a casa arrumada por FHC e fez uma transição de governo absolutamente tranquila.
Agora a situação é completamente diferente. Uma transição turbulenta se seguiu a quatro anos de governo Bolsonaro. No entanto, o imaginário popular esperava um "Vale a Pena Ver de Novo" de Lula 1, o que é impossível de reproduzir tanto por circunstâncias nacionais quanto pelas internacionais.
Eventos públicos do governo Lula são mais preocupantes sobre a imagem. O presidente foi recebido com vaias e gritos de "ladrão" na Bahia Farm Show, em Luiz Eduardo Magalhães, na Bahia. É um Estado que deu vitória esmagadora ao presidente.
Seria possível argumentar que o público de feiras agropecuárias é refratário ao presidente. Fato é que o discurso dele no evento foi elogiado publicamente pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. "Pela primeira vez ele fez uma sinalização positiva ao agro, demonstrando respeito ao setor", declarou o deputado Pedro Lupion.
Na Marcha Para Jesus, em São Paulo, o presidente abriu mão de uma aparição pública. Seria medo de ser vaiado? Só ele saberá os motivos reais, que podem ser completamente diferentes.
A opção foi por agradecer o convite e enviar dois representantes evangélicos, a deputada Benedita da Silva e o Advogado-Geral da União, Jorge Messias. Ele foi vaiado quando mencionou o nome do presidente em seu discurso.
Na mesma semana, diversos artistas que apoiaram a candidatura do presidente gravaram um vídeo no clima de "o encanto acabou". Estão desiludidos com os rumos da política ambiental, que gostariam de ver priorizada. Embora falem do Congresso Nacional, o tom do vídeo é alto e ele mira no governo em si, não no parlamento.
A forma como tem sido tratada Marina Silva, que perdeu poder, acaba se repetindo com outras mulheres importantes para a eleição do presidente. Silêncios eloquentes mostram que o "ninguém larga a mão de ninguém" depende da dona da mão, não da agressão contra ela.
Esta semana, a deputada Tabata Amaral foi condenada a pagar o advogado de um homem que incitou violência política contra ela. ""Temos que dar a ela o tratamento de beleza mais efetivo do mundo: o taco de beisebol na cara. Tão eficiente que nem a mãe dela vai reconhecer depois", disse o cidadão no Twitter.
Ela processou e perdeu. Isso ocorre justamente quanto se discute até o gasto de fundo partidário para garantir a segurança das mulheres, dado o nível da violência política contra mulheres na política. Essa foi uma das principais bandeiras da frente ampla do petismo, quando se contrastava com o tratamento dado pelo bolsonarismo às mulheres.
O silêncio das lideranças governamentais diante do julgamento é absolutamente eloquente. Esse sinal claro para as mulheres acaba servindo de caso exemplar para outros grupos que se imaginavam protegidos. A reação desses grupos virá, resta saber se Lula mudará ou não o tratamento dado a eles.
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