Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Efeito Bolsonaro: pela 1ª vez, economia está no pico dos problemas do país
O governo Bolsonaro acumula percepções de incompetência: consolidou o fracasso na gestão da pandemia de covid-19 e agora soma também o fracasso na economia. É o que mostra a pesquisa Genial, divulgada nesta quarta-feira (1º) pelo Instituto Quaest Pesquisa e Consultoria: 21% dos brasileiros consideram a economia como o segundo principal problema do país, atrás da saúde/pandemia (28%), 11 pontos percentuais a mais que em julho. Se somarmos à preocupação com a economia, o desemprego e a inflação, esse índice chega a 37% e coloca a questão econômica no topo do que mais aflige os brasileiros.
É a primeira vez que a economia aparece no pico dos principais problemas do país. A experiência com a negligência no combate à pandemia, a omissão e as evidências de corrupção na aquisição de vacinas, cristalizaram no eleitorado a descrença na capacidade do governo Bolsonaro em gerenciar crises.
A população sente no bolso essa incompetência com a alta dos alimentos, da conta de luz e do gás. A sensação atinge também o apoio dos evangélicos, que até hoje se mostraram resilientes e fieis ao presidente. Agora, 35% dos evangélicos avaliam o governo negativamente contra 32% que o consideram positivo, uma inversão em relação a agosto. Nem a fé tem sido suficiente para apoiar Bolsonaro.
O desgaste foi sentido também pela população com renda mais alta: 49% dos que ganham mais de cinco salários mínimos declararam que o desempenho do governo neste mês foi negativo, um aumento de 13 pontos percentuais em um mês.
Vitória do "fique em casa"
A aposta de que resguardar a população da covid-19 seria a maneira mais eficaz de retomar o crescimento da economia impactou na avaliação positiva de governadores e prefeitos. Na pesquisa XP/Ipesp divulgada nesta terça (31), 33% avaliaram o desempenho de governadores como "ótimo/bom". Os chefes dos estados foram os que mais incentivaram protocolos de proteção contra a pandemia.
No caso dos prefeitos, mais próximos à população no processo de vacinação em massa, a avaliação "ótimo/bom" chega a 49%. O brasileiro quer se vacinar (96% disseram estar vacinados ou que vão se vacinar com certeza).
A aposta de Bolsonaro na imunidade de rebanho, na gripezinha, na cloroquina, no spray nasal, na aglomeração, custou ao país milhares de mortes evitáveis e derrubou a popularidade de seu governo: 54% avaliam o governo Bolsonaro como "ruim/péssimo", com tendência de alta.
As duas pesquisas indicam que a melhora no futuro está descolada da imagem do presidente Jair Bolsonaro. Apesar da preocupação com a economia e com a saúde, o brasileiro está otimista que conseguirá manter o emprego (57%, na pesquisa Genial/Quaest). Ou seja, o futuro parece melhor, a pandemia deve arrefecer, isso vai melhorar a economia, mas nada disso depende de Bolsonaro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.