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Para CNN, Evaristo "desvirtuou" razões da saída do canal; jornalista rebate
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Pela primeira vez, a CNN Brasil se manifestou sobre o episódio da saída de Evaristo Costa do canal. Foi durante uma reunião interna da CEO, Renata Afonso, com a área comercial. Num tom de indignação, segundo a coluna apurou, a executiva argumentou que o jornalista "desvirtuou" as razões que levaram à rescisão do seu contrato.
Renata fez um histórico da situação de Evaristo durante a reunião. Contou que o apresentador saiu para um período de dois meses de férias. O descanso foi interrompido, conforme havia sido combinado, ao final de agosto para um dia de trabalho, durante o qual o jornalista gravou "cabeças" e "offs" para programas que seriam exibidos em setembro.
No dia 1º de setembro, o canal lançou oficialmente a marca "CNN Soft", que agrega a produção de conteúdo de entretenimento e soft news. Segundo divulgado, estão previstos para lançamento neste segundo semestre programas com o apresentador Pedro de Andrade ("Entre Mundos"), Mari Palma e Phelipe Siani ("Em Alta CNN"), Gabriela Prioli ("À Prioli") e Leandro Karnal ("Universo Karnal").
Fato importante, conforme o UOL ouviu, Renata destacou no seu relato que o programa apresentado por Evaristo Costa ("Séries Originais") não faz parte da linha "CNN Soft".
Este detalhe, na visão do canal, indica que Evaristo criou uma narrativa própria ao justificar a sua saída. "Ao voltar das férias, assistindo a chamada de programação notei a falta do meu programa", escreveu ele nas suas redes sociais.
No dia seguinte, 2 de setembro, uma quinta-feira, o "Séries Originais" apresentado por Evaristo foi ao ar normalmente, com reprise, como programado, no sábado e no domingo.
Ainda na quarta-feira, dia 1º, Evaristo conversou ao telefone com um dos executivos de jornalismo da CNN Brasil. O apresentador teria sido informado que o canal enxergava falta de audiência e de apelo comercial no "Séries Originais". Um dos motivos seria o fato de a participação de Evaristo ser gravada à distância, de Londres.
Inicialmente, o jornalista gravava as "cabeças" e "offs" no estúdio da CNN em Londres, mas depois da pandemia passou a fazer este trabalho em outros ambientes. Causou estranhamento, por exemplo, um programa sobre a Amazônia ter mostrado o apresentador em externas na capital londrina.
Na conversa por telefone no dia 1º, segundo o relato ouvido pelo UOL, Evaristo foi convidado pela CNN a voltar ao Brasil, mas disse que não tinha interesse. Foi, então, que o canal decidiu rescindir o contrato com o jornalista.
A coluna apurou, ainda, que no primeiro semestre a CNN cogitou utilizar Evaristo como correspondente. Mas o jornalista não manifestou interesse. Ele teria sido convidado a participar da cobertura da morte do príncipe Philip, em abril, e declinou.
A CNN teria oferecido a Evaristo tornar pública a rescisão num comunicado a quatro mãos, no qual seria informado que não houve consenso entre as partes sobre o futuro do jornalista no canal. Ele recusou a oferta e divulgou a sua versão dos fatos nas redes sociais.
"Eles começaram a me sabotar", diz Evaristo
Em contato com a coluna, Evaristo diz que se sentiu sabotado pela CNN Brasil. "É uma ótima desculpa deles", diz, sobre a informação de que seu programa não deveria estar na chamada com a nova programação que ele citou. "Sempre me disseram que era um programa especial, que está na linha de soft news".
O jornalista diz que o canal sabia que ele não tinha intenção de voltar para o Brasil. Por isso, considera a oferta como uma maneira de justificar a rescisão.
Da mesma forma, diz que deixou claro, desde a negociação inicial, que não iria fazer entradas ao vivo como repórter ou apresentador. "Não existia essa possibilidade", diz, sobre o convite para trabalhar na cobertura da morte do príncipe Philip.
Evaristo também questiona a ideia de que seu programa não era viável comercialmente. "Foi uma grande incompetência deles não conseguir vender o programa. Levei a Rico Investimentos como patrocinador, mas eles não conseguiram manter a empresa".
Segundo Evaristo, houve alguns incidentes que ajudaram a deteriorar a relação dele com o canal. Diz que, ao gravar um texto sobre empresas start-up, se recusou a mencionar as marcas por considerar que o texto era de caráter publicitário. O canal negou. O texto foi refeito e gravado novamente. "Isso criou um mal-estar", diz.
O jornalista também reclamou, no final de 2020, da gravação de um especial de final de ano. Entre idas e vindas, e orientações contraditórias, segundo ele, gravou o texto quatro vezes. E a versão utilizada acabou sendo a primeira.
Por fim, Evaristo mencionou a gravação de uma chamada para o Dia das Mães. "Eles me prometeram um estúdio e eu estava gravando na rua. Mesmo eu dizendo que não tinha como gravar na rua, ele falaram para eu gravar. E, no fim, esconderam o meu fundo. Disse para eles: 'Vocês me pediram para fazer uma coisa que eu disse que não podia e vocês me cortaram com a maior falta de respeito'."
Em resumo: "Eles começaram a me sabotar. Eu via isso como uma grande sabotagem", diz Evaristo. "Sei que o contrato era cheio de restrições. Que eles aceitaram", diz.
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