Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Alexandre Garcia não foi demitido por opinar, mas por difundir fake news
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Uma questão crucial no jornalismo é a distinção entre informação e opinião. Este texto, por exemplo, vem com o aviso acima do título que se trata de "opinião" e com um alerta, no final, que "não reflete, necessariamente, a opinião do UOL". Por quê? Para que o leitor não tenha dúvidas de que este conteúdo é um ponto de vista do autor.
Ainda que eu tenha liberdade total de emitir a minha opinião, sei que há limites. Não posso incorrer em crimes de injúria, difamação e calúnia contra quem quer que seja. Não posso incitar comportamentos ilegais. Não posso mentir.
No quadro "Liberdade de Opinião", na CNN Brasil, Alexandre Garcia mais de uma vez transmitiu opiniões em defesa de um tratamento contra covid-19 considerado ineficaz e, eventualmente, prejudicial à saúde. Ou seja, de alguma forma, propagou informação que pode causar danos a espectadores que acreditem no que ele disse.
Por este motivo, a CNN tomou a iniciativa, pelo menos três vezes, de contrapor a fala de Garcia com a observação de que ele fez comentários não acurados. Na sexta-feira (24), após nova defesa do tratamento precoce contra a covid-19 com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, o canal decidiu rescindir o contrato com o jornalista.
Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro classificou a decisão como "absurda". Segundo ele, Garcia "foi demitido por sua opinião".
"Assisti na semana passada algo estarrecedor. Em uma grande rede de televisão, num quadro conhecido como Liberdade de Opinião, um famoso jornalista foi demitido por sua opinião. Não tem coisa mais absurda do que isso, para onde estamos caminhando?", disse Bolsonaro.
Não é verdade. Garcia foi demitido por difundir informação falsa. Fake news. O problema é que o presidente não considera que difundir fake news seja algo grave. Recentemente disse:
"Fake news faz parte da nossa vida. Quem nunca contou uma mentirinha pra namorada? (...) Eu entendo também que fake news é quase como um apelido. Se eu colocar um apelido no (Marcelo) Queiroga agora e ele ficar chateado, vai pegar isso aí".
Quando iguala "fake news" a uma fofoca inevitável ou a uma brincadeira infantil, Bolsonaro está querendo sugerir que não há necessidade de combater a difusão de mentiras. Desdobrando este seu raciocínio, não há necessidade de jornalismo.
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