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Estudo aponta que negros são apenas 20% dos jornalistas nas redações
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Divulgada intencionalmente na Semana da Consciência Negra, uma pesquisa constatou que os ambientes de trabalho dos jornalistas brasileiros são espaços ocupados predominantemente por profissionais brancos.
Apenas 20,1% dos jornalistas das redações do país declaram-se pretos e pardos, percentual quase dois terços inferior ao da efetiva representação da população negra do Brasil, que é de 56,2% (PNAD/IBGE). Já os que se autodeclaram brancos são 77,6%, com 2,1% de amarelos e 0,2% de indígenas (a íntegra da pesquisa pode ser vista aqui).
Além da falta de diversidade racial, também há desequilíbrio de gêneros nas redações. As mulheres, que são 51,8% da população brasileira, segundo a PNAD, não passam de 36,6% no jornalismo, bem abaixo dos 63% de homens (0,4% não se reconhecem em nenhum dos dois gêneros).
Sob a liderança do Jornalistas & Cia e do Portal dos Jornalistas, com concepção e coordenação técnica do Instituto Corda - Rede de Projetos e Pesquisas e apoio logístico do I'MAX, o Perfil Racial da Imprensa Brasileira dividiu-se em três fases e ouviu, via telefone ou questionário de autorresposta, 1.952 profissionais de todo o país, entre os dias 16 de setembro e 31 de outubro de 2021.
"A análise dos resultados gerais dessas três fases permite uma afirmação inicial bastante contundente: as redações jornalísticas brasileiras são mais brancas e masculinas do que a população brasileira e o racismo está presente na vida de praticamente todos os profissionais negros durante a sua trajetória profissional", diz o texto que acompanha a pesquisa.
Analisando-se os dados de acordo com as regiões do país, o panorama racial apresenta algumas diferenças significativas. A pesquisa mostra que a região Nordeste é a que tem mais profissionais negros (39%). Em sequência, aparecem Norte (25%), Centro-Oeste (21%), Sudeste (20%) e Sul (5%).
Entre os jornalistas pretos ou pardos, 98% afirmam que o desenvolvimento da carreira profissional é mais difícil para eles do que para profissionais brancos. Segundo o levantamento, 14% dos jornalistas afirmam já ter sofrido algum tipo de discriminação racial no veículo em que trabalham. Outros 43% responderam que sofreram ações racistas anteriormente, em outros momentos de suas carreiras.
Seis em cada dez dos jornalistas negros participantes de pesquisa afirmam que ocupam cargos operacionais nos veículos jornalísticos. Ou seja, atuam em funções de repórter, redator, produtor, apresentador, entre outros. Já 40% afirmam ocupar cargos gerenciais, como editor, redator-chefe e diretor de redação. Entre os jornalistas brancos entrevistados, a proporção é inversa: 62% têm função gerencial e 38% exercem funções operacionais.
Proporcionalmente ao número de jornalistas negros e brancos atestados pela pesquisa (20,1% contra 77,6%), isso significa que há um negro para seis brancos em cargos gerenciais e um negro para 2,2 brancos em funções operacionais.
O estudo mostrou ainda o impacto da questão racial nos rendimentos salariais Quase metade dos jornalistas negros, ou 42%, recebem a faixa salarial mais básica, que é de até R$ 3.300. Os brancos nesta faixa são 23%. Na faixa de R$ 3.301 a R$ 7.700, os jornalistas brancos são a maioria, com 41%, contra 33% entre os negros.
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