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Em "Pretópolis", roteiristas da Globo riem do racismo que a TV não mostra
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Não confundir com Petrópolis. A Wakanda brasileira se chama Pretópolis. "O nosso solo é preto e sagrado. Branco aqui paga pedágio para entrar", diz o hino da cidade. "Se alguém aqui pisa de sapatênis, seus pés iremos arrancar. Aqui não temos medo da polícia, aqui se morre de causas naturais. Somos todos doutores ou capas de revistas. Aqui em Pretópolis vivemos em paz".
Trata-se, claro, de uma peça de humor, explorando com ironia a ideia de "racismo reverso" - o conceito absurdo e inexistente de que o preconceito de um negro em relação a um branco caracterizaria uma forma de racismo.
Em cinco episódios, divulgados aos sábados no Instagram, o programa alarga a discussão sobre preconceito racial. "Nossa intenção é expor, escancarar o racismo e mostrar embates raciais que não são mostrados na televisão", diz Diego Guimarães, um dos criadores de "Pretópolis".
Guimarães reconhece que algumas questões sobre preconceito racial "felizmente" foram tratadas nos últimos anos em programas da Globo ("Tá no Ar", "Zorra", "Isso a Globo Não Mostra"), mas acha que é preciso ir além. No momento, a emissora não tem nenhum novo programa de humor no ar.
Guimarães faz parte de um grupo de roteiristas negros contratados pela Globo em 2019 com o objetivo de ajudar a diversificar a redação dos programas da emissora. "Pretópolis" é assinado também por Vinicius Antunes, roteirista da Globo igualmente e único profissional branco envolvido no projeto.
"Eu sou o único branco da série e sou autor dela também. Aí você pode perguntar: por que tem você? É que eles queriam saber tudo que os brancos falam quando eles saem de perto", diz Antunes.
Também integram o elenco Patrick Sonata e Marcelo Magano, Rhudson Victor (apresentador da rede BBB), a modelo e atriz Hayssa Leal, a pedagoga Marcela Guerra e a influencer digital Aza Njeri.
O primeiro episódio brinca com teses de "supremacia preta", "limpeza étnica", "hegemonia negra". "Viemos mostrar como a coisa está preta lá, sem isso ser algo pejorativo", dizem.
Num esquete, um empresário negro é acusado de injúria racial contra um caixa de supermercado branco. "Acusação infundada. Adoro gente branca. Minha empregada é branca. Meus amigos são brancos, já namorei gente branca. (...) Não tenho culpa se tudo que é ligado ao branco é ruim", diz ele, ao se justificar.
Com exceção de Antunes, "Pretópolis" é um produto protagonizado por negros em todas as etapas da produção. "É diferente de um projeto com participação de negros", diz Guimarães.
Em outro esquete no primeiro episódio, os humoristas observam: "Nem tudo aquilo que é associado ao branco é ruim. Mas muitas coisas brancas são ruins mesmo". "Pretópolis" exibe, então, um "Top de 5 coisas brancas que, de fato, são ruins". Não vou dar spoiler do que aparece no ranking. É possível ver aqui:
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