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Apesar da retórica anti-Globo, governo eleva verbas para a emissora
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Vista por Jair Bolsonaro como "inimiga", a Globo sente os efeitos desta animosidade não apenas nas declarações frequentes do presidente, mas também na distribuição de verbas oficiais de campanhas publicitárias do governo.
Nos primeiros dois anos do governo, contrariando critério técnicos, houve redução de verbas para a emissora. Em 2019, a Globo ficou em terceiro lugar, atrás de Record e SBT, ambas alinhadas com Bolsonaro, no ranking de maiores beneficiados.
A situação começou a mudar no segundo semestre de 2020, após a posse de Fábio Faria no Ministério das Comunicações. Em diferentes momentos nestes três anos, o Tribunal de Contas da União criticou e alertou o governo sobre os seus gastos com publicidade.
Números divulgados pela revista "Veja" esta semana, com base em dados da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), mostram que as emissoras do grupo Globo receberam R$ 65,5 milhões em 2021, superando a Record, que ficou com R$ 53,9 milhões.
Em 2020, a Record havia liderado o ranking, com R$ 59,2 milhões, enquanto o Grupo Globo recebeu R$ 51,9 milhões.
Segundo a "Veja", o total de R$ 65,5 milhões destinado à Globo representa a soma de todos os repasses feitos à emissora, a suas afiliadas e aos canais da TV fechada, como Globonews e Multishow. Os valores foram para a veiculação de campanhas públicas, como as de vacinação, combate ao aedes aegypti e uso consciente da água, e de divulgação de iniciativas do governo, como a implantação do 5G.
Faz parte da retórica anti-Globo de Bolsonaro ameaçar não renovar a concessão da emissora agora em 2022. Em novembro do ano passado, o presidente disse a apoiadores: "A Globo tem encontro comigo ano que vem. Encontro com a verdade". E acrescentou: "Não vou perseguir ninguém. Tem que estar com as certidões negativas em dia, um montão de coisas aí". Apesar da ameaça, o presidente não tem o poder sozinho de não renovar uma concessão de TV.
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