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Mauricio Stycer

REPORTAGEM

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Arroubos progressistas da Globo às vezes parecem forçados, diz Tabet

Colunista do UOL

18/07/2022 12h59

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Fundador do Porta dos Fundos e do MyNews, Antonio Tabet deu uma boa entrevista ao UOL nesta segunda-feira. A conversa conduzida por Kennedy Alencar e participação de Cristina Padiglione e minha, enveredou por vários caminhos importantes: governo Bolsonaro, eleições, limites do humor e televisão.

As experiências bem-sucedidas como criador de dois canais nascidos no ambiente digital fazem de Tabet uma voz que vale a pena ser ouvida sobre o campo da televisão, em especial a aberta, cujo alcance e relevância ainda são notáveis.

"TV aberta ainda é muito importante, ainda pauta os assuntos que estamos discutindo no Twitter. Não precisa ser um programa bom, não. Pode ser Power Couple", disse. "A TV ainda tem esse poder de penetração. Um poder menos relacionado à audiência, em si, e mais ligado à liturgia da televisão. Ela ainda é lareira da casa".

Para ilustrar a sua visão, Tabet contou um caso de certa forma anedótico, sobre a tentativa frustrada de contratar para o Porta dos Fundos um criador de conteúdo de humor no Instagram. Após uma conversa inicial, o comediante disse que preferiu fazer cinco participações no programa de Eliana, no SBT, do que ir trabalhar na sua produtora. "Pra você ver o tamanho que a TV ocupa na cabeça e no imaginário das pessoas".

Lembrei a Tabet um recente embate que ele teve com Johnny Saad, dono da Band, e o questionei sobre os proprietários dos canais de TV aberta: "Não dá para dizer que as pessoas que pensam a Globo são exatamente as mesmas que pensam Band, Record e SBT. Esse trio é nitidamente mais conservador, alinhado ao governo, do que a Globo e os demais. SBT, Band e Record são puro suco do conservadorismo brasileiro no que ele tem, às vezes, de pior".

Sobre a Globo, Tabet fez uma observação curiosa, que reproduzo na íntegra: "A Globo, pelo contrário, vem até, de maneira atabalhoada, tentando forçar uma barra progressista em alguns momentos", disse. "Isso tem que ser feito de maneira construtiva, para evitar problemas. Porque a emenda pode ser pior do que o soneto. Sabe quando, na ceia de Natal, vem uma tia sua de 70 anos e ela descobriu uma gíria jovem? E ela fica repetindo essa gíria jovem? E todo mundo fala 'não!'. Às vezes, esses arroubos progressistas da Globo, parecem isso. Sou progressista, acho que a gente tem que mudar hábitos e costumes, mas não pode fazer isso a forceps."