Topo

Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Band e Porta dos Fundos expõem visões opostas sobre futuro da TV e do país

Johnny Saad - Divulgação/Band
Johnny Saad Imagem: Divulgação/Band

Colunista do UOL

09/12/2021 12h32

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Johhny Saad, dono da Band, e Antonio Tabet, um dos sócios do Porta dos Fundos, protagonizaram um debate esclarecedor na noite de terça-feira (07) no Rio. Em curtos discursos, expuseram visões opostas sobre a situação da TV e do país. Foi durante a entrega do Prêmio Inspira Rio, patrocinado pela rede de televisão e que contemplou a produtora.

Saad expôs uma visão otimista sobre o Brasil e criticou a mídia, da qual ele faz parte. Conforme registrou a repórter Cleo Guimarães, da revista Veja, ele disse: "Olha, eu quero deixar claro que acredito no país, sou otimista, mas acho que a mídia impressa anda muito rabugenta nessa questão do meio ambiente".

Animado com a estreia de Faustão em 2022, além do sucesso da F-1, Saad prometeu uma programação conservadora na Band: "É uma programação nova que vem aí, voltada pra família, pra poder assistir com todo mundo na sala sem ficar preocupado, sem ficar constrangido, como eu acho que tem que ser a TV aberta. Se quiser alguma coisa mais picante, tem a TV a cabo."

Tabet - Vinicius Castro/UOL - Vinicius Castro/UOL
Antônio Tabet, um dos sócios do Porta dos Fundos
Imagem: Vinicius Castro/UOL

Ao receber um prêmio, Tabet arrancou aplausos ao se dirigir a Saad e dizer: "O Porta dos Fundos, de fato, não é para toda a família. O Porta é para todas as famílias. Porque preto tem família e faz famílias. Gays, mulheres, trans, todos eles têm família e fazem suas famílias e o Porta dos Fundos é para todas elas".

Sobre o otimismo do dono da Band, o sócio do Porta dos Fundos respondeu: "O otimismo, de fato, virá. Porque se nós sobrevivermos a este governo que está aí, nenhuma bomba atômica destrói".

O ponto de vista conservador de Saad não é nenhuma novidade nem choca ninguém. Vale registrar que o jornalismo da Band tem adotado posições mais progressistas e críticas ao governo Bolsonaro do que faz supor o discurso do dono da emissora.

Tabet, por sua vez, representa justamente um modelo de produção alternativo à TV aberta, que busca renovar o ambiente do audiovisual brasileiro. Com braços na TV por assinatura, em plataformas de streaming e no You Tube, no Brasil e no exterior, o Porta dos Fundos está em expansão. E faz isso sem abrir mão de um humor afiado, progressista e crítico.

Na véspera do debate com Saad, Tabet havia recebido, em nome do Porta dos Fundos, o prêmio Caboré, dirigido ao mercado publicitário, como produtor de conteúdo. Estava competindo com SBT e Record. Ao receber o prêmio, ironizou a produção dos concorrentes:

"Você sabe da qualidade de um herói pela qualidade da galeria de vilões que ele tem. A gente ganhou de quem? De quem faz o 'Fala que eu te Escuto' e o 'Fofocalizando'. A gente triplicou o faturamento e aumentou a audiência em 3 bilhões de views e tudo isso sem dinheiro público".