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Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com perguntas esperadas, Lula desarma JN e ainda faz piada com Bonner

Colunista do UOL

25/08/2022 21h25

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Muito treinado e bem-humorado, o ex-presidente Lula se saiu muito bem na entrevista ao 'Jornal Nacional' nesta quinta-feira (25). Lula contou com a ajuda dos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, que fizeram perguntas previsíveis, para as quais o candidato apresentou ótimas respostas.

Bonner abriu a entrevista falando sobre corrupção, mas levantando uma bandeira branca para Lula: "O senhor não deve nada a ninguém". Foi a dica para o ex-presidente sublinhar que nos seus governos a corrupção foi combatida.

Neste momento e em outros, com respostas afiadas (sobre sigilo de 100 anos a documentos, por exemplo), Lula acabou demonstrando que o tópico "corrupção" faltou na entrevista do JN com o presidente Jair Bolsonaro. "O que eu acho maravilhoso é denunciar a corrupção. O problema é a corrupção ficar escondida".

Tranquilo, o ex-presidente fez até piada com Bonner, ao ser questionado seguidamente sobre a política econômica do governo da ex-presidente Dilma Rousseff. "Se alguém entrar no seu lugar no 'Jornal Nacional', Bonner, você vai perceber o que é rei posto, rei morto".

Também disse a Renata que espera, se eleito, ser chamado uma vez por mês para ir ao 'Jornal Nacional' dar satisfações sobre os seus atos. "Eu estou olhando para você porque quero que você me cobre", disse.

Quando Bonner disse que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa de Lula, tem sido hostilizado pela militância petista, Lula voltou a rir: "Bonner, você não está vivendo no mesmo mundo que eu. Estou com ciúmes do Alckmin. Ele já foi aceito de corpo e alma".

Falando sobre polarização, Lula usou a imagem do futebol para dizer que "polarização é saudável, tem no mundo inteiro. O que a gente não pode é confundir polarização com ódio".

A série de entrevistas

Em 2002, pela primeira vez, o Jornal Nacional (JN) promoveu entrevistas com os principais candidatos à Presidência na bancada do telejornal. Na estreia da série, as entrevistas tiveram 10 minutos de duração. O tempo foi ampliado para 12 minutos em 2010 e para 15 minutos em 2014. Em 2018, planejou-se que o tempo seria de 25 minutos, mas após primeira entrevista, com Ciro Gomes, foi ampliado para 27.

Em 2006 e em 2014, quando Lula e Dilma, respectivamente, eram candidatos à reeleição, os apresentadores do JN se deslocaram a Brasília para entrevistá-los. A Globo decidiu não mais fazer isso e condicionou a entrevista de Bolsonaro, em 2022, à presença dele no estúdio, no Rio. Após uma hesitação inicial, o presidente se dobrou à exigência da emissora.

Outras duas novidades marcam esta nova rodada de entrevistas do JN. Primeiro, a duração dos encontros foi novamente ampliada, agora para 40 minutos. É um tempo realmente considerável. Segundo, a emissora transferiu as entrevistas para os Estúdios Globo, em Curicica, mas manteve a base do telejornal no Jardim Botânico. Ou seja, o JN abriu com Ana Paula Araujo e Helter Duarte no estúdio tradicional, cabendo a eles convocar Bonner e Renata no outro local, reforçando a impressão de que a entrevista é um quadro isolado do resto do telejornal.

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