Stycer: Após desastre no Roda Viva, Ciro parecia outra pessoa no JN

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) adotou um tom mais sereno durante a entrevista de hoje ao "Jornal Nacional", da TV Globo, em comparação com a realizada no programa "Roda Viva", da TV Cultura, na semana passada. A avaliação é do colunista do UOL Mauricio Stycer.

"Em alguns momentos, a entrevista foi sonolenta, nada empolgante, com pouco diálogo", disse o jornalista, durante o programa UOL Eleições, que analisou a participação do político no telejornal. "Ciro certamente passou por um treinamento de mídia significativo depois da entrevista do Roda Viva, que foi desastrosa para a imagem dele. Se comparar o Ciro de hoje com o do Roda Viva, são duas pessoas completamente diferentes", acrescentou.

Stycer analisou que a entrevista na Globo foi boa para uma apresentação geral do programa de campanha de Ciro Gomes, mas faltou uma participação mais ativa dos entrevistadores.

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"Teve muito espaço e oportunidade de apresentar alguns pontos do programa dele. É positivo, passa uma impressão de uma conversa muito civilizada. Faltaram perguntas mais pontuais, mais incisivas, lembranças de passagens mais polêmicas que não foram evocadas", apontou.

"O próprio temperamento dele, que é um tema que sempre volta, e tinha o exemplo recente do Roda Viva, não foi mencionado. Foi mantido num banho-maria que foi bom. Talvez tenha sido uma ressaca para a Globo depois da entrevista de ontem com Bolsonaro", completou Stycer.

Bombig: Ciro gabaritou do começo ao fim em prova que não foi difícil

"O Ciro gabaritou na entrevista do começo ao fim. A prova não foi difícil", afirmou o colunista do UOL Alberto Bombig. "Talvez não desperte o movimento 'Ciro ressurge' ou 'renasce a terceira via', mas ele reforça as posições dele como uma alternativa para um certo grupo de 'voto de opinião'."

Apesar de avaliar que a entrevista ao "Jornal Nacional" foi positiva para o candidato do PDT, o jornalista acha que os brasileiros estão muito focados em uma disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro e, para Ciro, fica difícil competir com isso.

"É o discurso que a pessoa olha, acha bem legal, muito preparado, 'voto de opinião' adere a ele, mas, no geral, o Brasil está interessado em quem pode ganhar. E o Ciro continuará nessa esfera de que ele é muito preparado, mas não tem chance", disse Bombig.

"Se fosse a primeira ou segunda disputa presidencial do Ciro, ele sairia como um fortíssimo player para a próxima eleição. Só que esse tempo já passou", concluiu.

Carla: Ciro estava treinado para mostrar que está mais maduro

Também em análise para o UOL Eleições, a colunista Carla Araújo repercutiu o tratamento de Ciro Gomes à jornalista Renata Vasconcellos.

"A Renata teve um pouco mais de espaço com diversas vezes o Ciro se dirigindo a ela de forma gentil e bem controlado. Foi bem diferente em comparação a ontem com Bolsonaro", disse.

"A postura do Bolsonaro com a Renata ontem foi um pouco rude. Várias pessoas tentaram minimizar, ele interrompeu ela diversas vezes. Hoje, o Ciro mostrou que estava treinado para deixar claro que está mais maduro ou mostrar um comportamento mais calmo."

Kennedy: Moderado na entrevista, comportamento de Ciro deve ser outro no debate

O colunista do UOL Kennedy Alencar disse que o tom moderado de Ciro Gomes no Jornal Nacional não deve se repetir durante debates.

"Num palco daqueles, ser agressivo demais [é ruim]. Nas redes sociais, isso cumpre uma função de guerrilha, tem os seguidores, a propaganda política. No debate, o comportamento do Ciro vai ser incisivo, de cobrança do Lula e do Bolsonaro", afirmou.

"Para a entrevista [no JN], está todo mundo tentando ficar mais moderado e não perder a cabeça porque entende que acaba pegando mal", acrescentou. O jornalista também destacou o "desastre" que foi a entrevista do pedestista no Roda Viva. "Transmitiu uma imagem autoritária."

O UOL Eleições traz análises e comentários ao vivo sobre os destaques da disputa eleitoral.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: