Lei eleitoral permite presença de candidato parceiro de Bolsonaro em debate

A legislação eleitoral estabelece o direito de participação em debates de candidatos de partidos com representação de cinco ou mais deputados no Congresso. Isso garantiu, neste sábado (24), a presença do padre Kelmon (PTB) no debate realizado pelo SBT em parceria com CNN Brasil, Veja, O Estado de S. Paulo, Nova Brasil FM e Terra.

Não é a primeira vez que candidatos atuam como "linha auxiliar" de outros participantes, fazendo "dobradinhas" em perguntas. Mas padre Kelmon inaugurou uma nova forma de participação - ele defendeu abertamente o presidente Jair Bolsonaro (PL). Criticou as perguntas dirigidas ao presidente. Disse que Bolsonaro foi injustiçado. Só faltou a Kelmon pedir voto ao candidato do PL.

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A participação do candidato do PTB comprometeu, de fato, o equilíbrio e a lisura do encontro. E deixou claro que é necessário rever esta legislação, de maneira a evitar situações exóticas como essa. Outra regra que merecia ser revista é a que impede os jornalistas de replicarem as respostas dos candidatos às suas perguntas. No atual formato, o candidato não apenas pode responder o que quiser, como ainda fica livre de ouvir que fugiu da pergunta.

O apresentador Carlos Nascimento repetiu nos quatro blocos do debate uma mesma frase sobre a ausência de Lula (PT): "Você vê o púlpito vazio do candidato Lula, que foi convidado, mas não quis participar do debate". Uma câmera mostrou o lugar vazio, mas sem uma placa que identificasse Lula.

Curiosamente, já sabendo da ausência de Lula desde a véspera, o SBT usou uma imagem do candidato do PT ao longo do dia, em inserções na programação, para promover o evento. No primeiro bloco comercial, chamou a atenção uma publicidade da Havan, um importante anunciante da emissora, cujo proprietário, Luciano Hang, é um conhecido apoiador do presidente Bolsonaro.

Nascimento se atrapalhou em alguns momentos com o excesso de pedidos de direito de resposta no debate. Não ficou muito claro o que estava sendo questionado em alguns momentos. O microfone aberto dos candidatos em momentos que eles não estavam perguntando ou respondendo também produziu alguns momentos de confusão.

Diretor da Band critica lei eleitoral

Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Band, comentou o debate do SBT. Em uma publicação no Twitter, ele disse que a presença de Kelmon atrapalhou o encontro.

"Viu o debate entre os candidatos no SBT? Não foi bom. E o problema começa com a lei que obriga a produção do debate a convidar aquele padre Kelmon", escreveu Mitre.

O jornalista também mencionou a ausência de Lula. "A ausência de um candidato convidado é sempre lamentável. Com Lula, líder nas pesquisas, o debate teria sido outro, certamente melhor."

Audiência

Dados prévios de audiência indicam que o debate no SBT registrou, entre 18h15 e 20h30, média de 5 pontos na Grande São Paulo, deixando a emissora em terceiro lugar, atrás de Globo (17,6) e Record (5,6). É um resultado melhor do que o alcançado, no sábado passado, no debate com os candidatos ao governo de São Paulo, que teve média de 3,5 pontos. Um ponto, em São Paulo, equivale a 205.755 telespectadores

O primeiro debate presidencial desta campanha, organizado pela Band em conjunto com a TV Cultura, o portal UOL e o jornal Folha de S.Paulo, registrou média de 13,7 pontos. Na ocasião, como ainda não estava definido o nome do substituto de Roberto Jefferson, o PTB não teve representante no debate.