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Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Chega de mentira em debates! TVs precisam corrigir fake news na hora

28.out.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participam do debate da TV Globo - Reprodução/TV Globo
28.out.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participam do debate da TV Globo Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

28/10/2022 23h48

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O último debate presidencial de 2022, entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL), confirmou o sucesso do formato que permite aos candidatos administrarem o próprio tempo. Testado em 2020, em debates do UOL e da Folha, o chamado "banco de tempo" exige que os candidatos articulem perguntas e respostas e ditem o ritmo das conversas.

O debate da Globo trouxe uma regra nova em relação ao ótimo evento realizado por UOL, Folha, Band e TV Cultura em outubro. Nesta sexta-feira (28) Não era permitido que os candidatos se tocassem.

Lula adotou a estratégia de não ficar perto de Bolsonaro quando não estava falando. Recuava pra sua bancada e deixava Bolsonaro dividido entre olhar pra câmera e olhar pra trás. "Fica aqui, rapaz!", cobrou Bolsonaro, irritado. "Não quero ficar perto de você", respondeu Lula.

O formato consagrado este ano tem uma limitação, porém. Ele não impede a difusão de mentiras e fakes news ao vivo. Lula se deu conta do problema quando disse: "Toda vez que (Bolsonaro) fala mentira, vou pedir direito de resposta. Porque esse é um programa para falar a verdade".

Óbvio que Lula não conseguiu tantos direitos de resposta quanto quis. E ele também difundiu informações erradas durante o debate.

Quando o debate foi sobre pobreza, Bolsonaro e Lula divergiram seguidamente, cada um citando uma fonte diferente sobre o assunto. "Chegou um impasse", notou o presidente.

A questão é que falta uma ação jornalística coordenada para rebater mentiras. Seria possível, por exemplo, ao fim do bloco em que se discutiu pobreza, que os organizadores do debate esclarecessem qual era a fonte correta.

Há várias agências de checagem de fatos respeitáveis no Brasil; não seria difícil organizar um pool com algumas delas para fazer correções em tempo real.

Esse tipo de correção ocorreu apenas uma vez neste debate, quando Bolsonaro criticou uma fala de William Bonner sobre Lula na entrevista do "Jornal Nacional" com o petista. Bonner explicou que a sua fala era baseada em decisão do STF.

Acho possível que os organizadores de debates, nas próximas eleições, batam o pé nisso. Empresas de comunicação só deveriam fazer debates se forem autorizadas e corrigir mentiras e erros em tempo real. É o avanço que falta neste campo.