Raquel Landim

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Opinião

Ataque de Maduro ao WhatsApp não faz sentido nem como teoria conspiratória

O ditador Nicolás Maduro escolheu um "inimigo" digital estranho, que não faz sentido nem com teoria conspiratória: o aplicativo de mensagens WhatsApp.

Em vídeo compartilhado nas suas redes sociais, Maduro diz que o app está sendo usado para ameaçar líderes populares, militares e policiais em toda a Venezuela.

Ele pede um "retiro voluntário" e a utilização de outros aplicativos como WeChat e Telegram.

O WhatsApp é um serviço de mensagem. Não tem algoritmo. Não tem nenhuma chance de estar sendo manipulado pelas "forças do mal" vindas dos Estados Unidos.

Maduro também fez críticas ao TikTok - esse, sim, um aplicativo cujo algoritmo é quem dita o que cada um vê, mas que é alvo de bronca dos americanos por ser chinês. E a China foi um dos primeiros governos a reconhecer a vitória do ditador venezuelano.

Importante notar que Maduro não bloqueia o aplicativo, nem coloca medidas judiciais contra ele. Só recomenda um "retiro voluntário", que, obviamente, ninguém vai cumprir.

Trata-se de uma estratégia diversionista, amplamente utilizada por líderes populistas e antidemocráticos. Líderes populistas vão criando narrativas para capturar o debate e desviá-lo do que realmente interessa. No caso de Maduro, o assunto é a eleição presidencial que ele fraudou.

No mesmo dia do ataque ao WhatsApp, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) finalmente entregou à Suprema Corte da Venezuela as atas das eleições por seção.

Países ao redor do mundo, incluindo o Brasil, vinham cobrando esses documentos para que fosse comprovada a vitória de Maduro alegada pelo órgão e contestada pela oposição.

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Só que as atas foram entregues fora do prazo por um CNE capturado pelo regime para uma Suprema Corte dominada pelo regime para que seja realizada uma investigação que foi solicitada pelo próprio regime. Que valor isso vai ter?

Acesso aos observadores internacionais? Auditoria independente? Nada disso está no radar.

Brasil, México e Colômbia seguem tentando uma negociação entre Maduro e a oposição, enquanto os Estados Unidos reconheceram a vitória da candidato Edmundo González Urrutia.

Hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um telefonema e o apoio do presidente da França, Emanuel Macron.

A diplomacia é o único caminho possível para os países vizinhos, mas a pressão internacional tem pouco efeito. Enquanto isso, Maduro vai ganhando tempo e se consolidando no poder.

A oposição pediu o apoio das Forças Armadas da Venezuela, que seguem leais ao ditador por causa das benesses e dos recursos que receberam.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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