Suspensão de perfis de Marçal racha direita e cria saia justa para Nunes
A suspensão dos perfis de Pablo Marçal (PRTB) rachou a direita e criou uma saia justa para o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Lideranças e influenciadores dessa corrente política estão reclamando de "censura" contra o candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo. Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, o senador Sergio Moro (União Brasil) escreveu em sua conta na rede X:
"Suspender as redes sociais de um candidato - qualquer candidato - liminarmente e sem defesa é uma agressão à liberdade de expressão e política. Se existe impulsionamento ilegal, que se corrija isso e não suspenda tudo. A Justiça precisa ter proporção."
O deputado federal Ricardo Salles (Novo) - que cogitou ser candidato mas foi preterido pelo PL para apoiar Nunes - fez uma referência indireta. "O sistema é f...", escreveu.
Conforme antecipou a coluna, a Justiça Eleitoral concedeu uma liminar em ação movida pela campanha da candidata Tabata Amaral (PSB) suspendendo as redes sociais de Marçal até o fim das eleições municipais.
Os perfis continuam no ar até a notificação oficial pelas plataformas, o que deve ocorrer em breve. Marçal, no entanto, já está convocando seus seguidores para novos perfis e para o WhatsApp e se posicionando com uma "vítima do sistema".
O PSB argumenta que o candidato do PRTB comete abuso de poder econômico ao pagar seguidores para fazer "cortes" e promover sua campanha nas redes sociais. Ele nega.
O cumprimento das regras eleitorais e a defesa da própria democracia versus a liberdade de expressão é um debate que movimenta a direita e a esquerda no Brasil desde 2018 e chegou a ser alvo de um projeto de lei sobre a regulamentação das plataformas no Congresso.
Só que agora Nunes e seu padrinho político, Bolsonaro, estão do lado de quem está sendo prejudicado pelo candidato que joga fora das regras do jogo.
Em guerra aberta contra Marçal, que vem tirando votos de Nunes entre os bolsonaristas, a família Bolsonaro demorou a comentar a suspensão das contas do candidato do PRTB. O receio era apoiar Marçal ou parecer que defendem "censura". No início da noite, o ex-presidente usou as redes sociais para "independente de quem seja, não concordo com censura, tá ok?"
Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, foi um dos pouco a falar sobre o assunto:
"Perseguido foi o presidente Bolsonaro, você cavou esse pênalti aí. Daqui a pouco vai dizer que o Marcola também é perseguido. Faz o M de mensalinho", escreveu Wajngarten.
Buscando não desagradar os eleitores bolsonaristas, Nunes se posicionou contra a liminar, sem apoiar Marçal.
"Sou contra qualquer tipo de censura. A regra tem que ser igual para todos. Ou a Justiça libera todos os candidatos para fazerem o mesmo, ou ninguém utiliza estrutura paralela com cortes impulsionados", escreveu o prefeito no X.
Segundo apurou a coluna, a campanha do prefeito decidiu não entrar na Justiça contra Marçal para solicitar a cassação da candidatura exatamente para evitar que ele se transformasse em mártir e Nunes num defensor da "censura".
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