Coligação pró-Nunes e Bolsonaro inelegível animam elite para Tarcísio 2026
A ampla coligação de partidos que conseguiu levar Ricardo Nunes (MDB) ao segundo turno em São Paulo e o fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro estar inelegível fizeram a elite econômica brasileira se animar com a possibilidade de emplacar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na presidência em 2026.
De acordo com empresários e banqueiros ouvidos pela coluna, Tarcísio é o "candidato dos sonhos", porque é pró-mercado, a favor de concessões e não é radical como Bolsonaro. Um banqueiro pondera que o empresariado não é "binário" e que parte dele também tem boa relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas diz que a maioria estará com o governador de São Paulo em 2026.
Guardadas as diferenças entre um pleito municipal e o federal, chamou a atenção da elite a ampla coalizão de centro-direita que apoia Nunes, envolvendo líderes políticos como Gilberto Kassab (PSD), Valdemar Costa Neto (PL), Baleia Rossi (MDB) e Antônio Rueda (União). A aposta é que isso poderia se repetir facilmente em 2026, isolando os partidos de esquerda ao lado de Lula.
Em evento em Nova York, relatado pelo Brazil Journal, o banqueiro André Esteves afirmou que o mercado está mais pessimista do que deveria com os ativos brasileiros e que a candidatura de Tarcísio em 2026 será o "rally dos rallies", com a Bolsa batendo todos os recordes. A reportagem circulou rapidamente na Faria Lima.
Há dúvidas, no entanto, se o governador de São Paulo topa a empreitada. Alguns acreditam que o momento ideal é 2026 e contra Lula, porque o presidente tem uma rejeição alta, que só é menor que a de Bolsonaro.
Outros avaliam que o governador de São Paulo é pouco conhecido nacionalmente e não é páreo para Lula. Portanto, ele deveria tentar a reeleição no estado e só almejar a Presidência em 2030, contra o sucessor de Lula, provavelmente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Tarcísio já declarou publicamente que não é candidato a presidente e que vai tentar a reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.
"Ainda é um pouco cedo para essa conversa toda, mas uma coisa é certa. O pessoal é de centro-direita. Se achar alguém ponderado que tenha voto, larga Lula e larga Bolsonaro", afirmou um banqueiro à coluna.
É consenso, porém, que Tarcísio não vai se posicionar contra Bolsonaro, porque precisa dos votos da extrema direita e por lealdade ao ex-presidente. Também não é a tendência atual, mas se Bolsonaro recuperar os direitos políticos, ele deve ser o candidato da direita e repetir o duelo contra Lula que ocorreu em 2022.
Mau humor excessivo com o PT
Não são poucos os banqueiros e empresários que acreditam que há um "mau humor excessivo" com Lula e o PT, pesando nas curvas das taxas de juros e forçando o Banco Central a subir a Selic mais do que deveria.
Eles ponderam que o crescimento do PIB é expressivo, a taxa de desemprego está baixa, a inflação não está fora de controle e que Haddad vai conseguir emplacar medidas que deixem a situação fiscal relativamente estável.
Banqueiros ouvidos pela coluna dizem que o PT paga o preço da retórica antimercado e que Lula se deu conta disso ao moderar o discurso, depois da desvalorização excessiva do câmbio.
Acreditam que Haddad vai fazer um grande esforço para retomar o grau de investimento, que ficou mais perto após a decisão da agência Moody´s de melhorar a classificação do país. Se isso ocorrer, pode virar um pouco o humor do mercado em direção ao presidente e ao seu eventual sucessor.
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