Raquel Landim

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Opinião

Preocupados com reeleição, ministros reforçam otimismo pós-cirurgia de Lula

Os principais auxiliares de Luiz Inácio Lula da Silva correram para as redes sociais para reforçar o discurso otimista sobre a saúde do presidente, após a cirurgia de emergência para a drenagem de uma hemorragia cerebral.

Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, Paulo Pimenta, das Comunicações, Jorge Messias, advogado-geral da União, são alguns dos ministros que afirmaram que Lula está bem e deve retomar suas atividades em breve.

Eles disseram que o presidente já acordou, comeu, conversou e que deve estar em Brasília na próxima segunda-feira.

É fato que a entrevista coletiva da equipe médica não deixa margem para a dúvida.

"O sangramento estava situado entre o cérebro e a membrana meninges. Ele está com as funções neurológicas preservadas", disse o doutor Marcos Stavale, do Hospital Sírio-Libanês.

Portanto, é bom que fique claro que as opiniões de especialistas que não viram o paciente, nem os exames, sobre sequelas não passam de meras especulações irresponsáveis.

Lula também não tem demonstrado qualquer alteração de raciocínio desde quando bateu a cabeça numa queda no banheiro em outubro.

Por que então tamanha preocupação da equipe política do governo?

Lula está com 79 anos e, como toda pessoa nessa idade, tem a saúde mais frágil.

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Os médicos informaram, por exemplo, que a cicatrização de traumas cranianos como o sofrido por ele é mais complicada em idosos. E se esse incidente parece mais simples, outros no futuro podem não vir a ser.

Não é etarismo, mas a realidade da vida com a qual o governo, o PT e seus aliados precisam, mas tem muita dificuldade de lidar.

"Lula está perto dos 80 anos e não tem substituto", disse, recentemente, o líder uruguaio José Mujica. E ele está absolutamente correto.

Lula chegará a 2026 com 81 anos e o PT não tem um substituto com as mesmas chances que ele de vencer as eleições.

E não é apenas o pleito, mas o próprio governo que gira apenas em volta dele.

Pouco antes de confirmada a hemorragia e já com dores de cabeça desde a manhã, o presidente estava reunido com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.

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Lira e Pacheco queriam ouvir diretamente de Lula a promessa de que as emendas deste ano seriam pagas depois das regras mais rígidas colocadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Flávio Dino.

Só assim conseguiriam convencer a base a votar o necessário pacote de ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aliviando a pressão sobre o câmbio e a inflação.

A promessa é que a votação ocorra na semana que vem.

A exigência da presença de Lula e força da pressão dos parlamentares são evidências claríssimas da fragilidade do governo.

É muito provável que o presidente fique de molho até o final do ano, afinal já é quase Natal, mas dificilmente o governo vai admitir formalmente uma licença para cuidar da saúde.

O vice-presidente, Geraldo Alckmin, teoricamente está lá para substituir Lula em caso de necessidade. Mas a conjuntura política simplesmente não permite.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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